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Amor & Emoção x Razão


quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Ser médico ...uma missão ou uma ilusão?





Ser Médico, utopicamente falando, seria um um profissional com qualidades, valores e princípios éticos, morais e humanos elevados e com conhecimento técnico científico aperfeiçoado que possibilitasse curar, quando houvesse possibilidade de cura, tratar quando houvesse possibilidade de tratamento e quando não houvesse possibilidade de curar ou tratar, que pudesse consolar e confortar outro ser humano no seu sofrimento, isto poderia ser resumido numa frase: "O reflexo de Deus na terra", assim o médico seria um missionário, cuja missão seria o alívio daqueles que sofrem de um mal físico ou psicológico. Só que isso tudo até poderia ser em outros tempos, onde havia respeito pelo médico, onde os pacientes iriam buscar cura, tratamento ou alívio para os seus males e não apenas fazer uma "encomenda" como se o médico fosse um vendedor de uma mercearia ou supermercado, do tipo "eu quero fazer análises para ver se está tudo bem" e "estou gripado passei na farmácia estou tomando isto era para passar a receita porque o remédio é caro e eu não tenho posses". Ou ainda "Estou no fundo desemprego e eles dizem que se eu levar a baixa não tenho que ir para o trabalho quando me chamarem"ou o cúmulo da falta de respeito ao rasgar o impresso da "baixa" por não ser o número de dias que queria e ainda ofender o médico. Onde os doentes eram sinceros, verdadeiros, em que construía uma relação médico-doente baseada na confiança e no respeito mútuo em que havia a preocupação com a verdade dos acontecimentos, uma relação de ajuda, em que o doente narra o que aconteceu que o motivou a procurar o médico, espera que este lhe forneça um plano terapêutico (nem sempre medicamentoso) e cumpre-o, porque acredita na capacidade técnico científica do médico que o está assistindo, mas isso não passa de uma ilusão/utopia nos dias que correm.

Parece que a medicina virou um campo de batalha, em que o médico é alvejado pelos doentes, que são inflamados pelas notícias muitas vezes deturpadas, exageradas ou mal interpretadas, que a comunicação social divulga nos seus noticiários, que fazem com que a relação médico utente esteja deteriorada ou desvirtuada.

Mostre-me que estou errada! deixe seu comentário ou responda a pergunta: ser médico é uma missão ou uma ilusão?

2 comentários:

Céu disse...

A pedido do Pedro transcrevo o seu comentário:
O assunto que aborda neste texto é algo relativo.

Conheço casos em que se reflecte parte do problema a que a Céu se refere.

Um exemplo: a minha mãe tem consultas semestrais, no Porto, em que, na minha presença, é assistida/consultada por duas médicas. Uma, que é chefe do departamento de endocrinologia, é uma pessoa directa, frontal (quase que arrisco a dizer, "fria") que já desmoralizou algumas vezes a minha mãe. A outra, é cirurgiã, tem a sensibilidade de "transformar" as afirmações frias da primeira médica em eufemismos, apaziguando a minha mãe com palavras mais calmas e suaves.

Um outro exemplo: a médica que identificou o problema da minha mãe e a reencaminhou para o Porto, prestou à minha mãe, há três anos, uma atenção de carinhos e compreensão ao transmitir-lhe a triste notícia de que minha mãe era doente crónica. Ora, há cerca de duas semanas, a minha mãe ligou para essa médica, a descrever-lhe o ponto da situação do seu estado de saúde, quando a mesma médica (provavelmente sem se lembrar de quem era a minha mãe ou a sua imagem; mas apenas do caso em questão), tratou-a, novamente com uma dignidade humana de carinho e compreensão que deixou a minha mãe surpreendida de satisfação.

Estes são apenas dois exemplos (para não me a alongar muito), que reflectem o lado humano e sensível dos médicos.

Acredito que a relação médico-paciente, varia de situação para situação; de circunstância em circunstância. Que cada caso é um caso.

Também sei que há situações em que o doente dispensa a consulta (isto é, encarar o médico), e solicita na secretaria de um hospital ou de um centro de saúde, a prescrição de receitas médicas ou revela-se na insolência de regatear o número de dias de um atestado médico para conseguir uma "baixa" e evitar ir trabalhar.

No entanto, também acredito que a educação e o nível cultural em que o paciente se demonstra pertencer (quando em comunicação frente a frente com o médico), favorece o grau de "intimidade" e proximidade a que pode evoluir essa relação.

Continuo a pensar que os profissionais de saúde (pelos menos alguns deles, e não querendo envaidecer a Céu), são "guerreiros" responsáveis ao incutir força de vontade (força em levantar o estado de espírito e o ânimo) em qualquer género de doentes. Ou seja, não se limitam à função de estarem atentos aos problemas dos pacientes nas consultas, a avalia-los e a prescreverem-lhes receitas médicas e/ou exames. Imprimem nos doentes laços de carinho, de preocupação e afectividade e tudo isso reflecte-se, não só nas acções e nas palavras, como também nas intenções, levantando a moral dos pacientes. São sensíveis ao ponto de "tocarem" na emotividade dos doentes e lhes aliviar a dor psicológica adjacente (que por vezes pesa mais) que está a acompanhar a dor física.

Portanto, penso que ser médico tanto é uma missão como uma ilusão. Tal como disse, depende dos casos. É relativo!



Beijinhos!

Céu disse...

Pedro, obrigada pelo seu comentário.
Concordo com você que o que foi abordado é algo relativo, atrevo-me a dizer que tudo na vida é relativo, nada é absoluto, depende da situação, do momento em que as pessoas estejam atravessando, do referencial que se aplica.
prova de ser relativo é que o assunto foi unidirecional, focando mais a postura do doente e não a do médico, o que seria motivo para novo texto, porque como você mesmo exemplificou, posturas diferentes, assumidas por médicos de diferentes especialidades, sobre o mesmo caso/doente, um médico com uma postura mais humana e outro com uma postura mais profissional.
Por muitas razões não vou me estender mais sobre esse tema que para mim é apaixonante, entusiasmante, fascinante por um lado e, ao mesmo tempo desgastante, uma desilusão, uma frustração, por outro lado, a medicina dos nossos dias.