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Amor & Emoção x Razão


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Ferver em pouca água"...uma expressão popular sob medida

A Língua Portuguesa é rica em expressões populares, algumas delas parecem ser sob medida, como é o caso de "ferver em pouca água" e "pavio curto".

O que significa "ferver em pouca água", literalmente, ou melhor, popularmente falando significa irritar-se facilmente ou por motivos insignificantes.

Encontrei este artigo no site

http://www.stum.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=02254 que vou comentando à luz de ser eu mesma "pavio curto":

O pavio curto é aquele que facilmente "explode" é o famoso "tolerância zero". A pessoa que age como um pavio curto na vida, é na verdade comparável a uma criança mimada grande, que nega-se a aceitar seus próprios limites e os limites dos outros faltando com o respeito a si e aos demais.

Este trecho pode fornecer bases teóricas para o "pavio curto", porém na percepção de mim mesmo como "pavio curto" estas não se aplicam porque a minha "tolerância zero" se manifesta perante uma injustiça, quer de alguém para com terceiros, incluindo maus tratos aos mais indefesos, nomeadamente contra os animais dito irracionais, quer de alguém para mim ou perante algo que não está correto ou ainda quando a razão está do meu lado e alguém a tira. Aqui reside a diferença: uma criança mimada está agindo unicamente em função do seu egoísmo e egocentrismo e não em função do que é certo e errado ou das injustiças, justamente duas condições que estão no agir da criança mimada, isto é não tem razão e elas próprias estão cometendo injustiças, o que não é o que acontece comigo.

Enquanto bebês, precisamos da sensação de onipotência oferecida por nossa mãe ou cuidadores. Essa sensação é resultante de termos o que precisamos, no momento que precisamos. O bebê tem fome e recebe o alimento , tem frio e é acolhido, tudo isso num ritmo que o faz pensar que tudo faz parte dele, tanto a fome como o alimento. Essa sensação primária de onipotência é extremamente importante e ajuda o bebê em seu desenvolvimento e na formação de sua identidade emocional.

Este trecho correlaciona onipotência da criança como se o "pavio curto" resultasse da crença continuada dessa onipotencência na vida adulta. É fato que a criança percebe-se como sendo onipotente, isso torna-se mais pronunciado nas crianças mimadas porque os pais reforçam essa onipotência, principalmente em se tratando de filhos únicos, que ao menor desejo da criança fazem tudo para satisfazê-los, mesmo não tendo condição para o fazer, ou quando os pais passam muito tempo longe dos filhos e deixam-lhes fazer tudo ou dão-lhe tudo para compensar essa ausência e "aliviar a culpa". Porém por ser verdade isso não implica que seja a base teórica para o "pavio curto", pelo menos no meu caso isso não explica: tenho mais irmãos, meus pais lutaram com dificuldade, tínhamos uma mesa farta, mas não havia condições para "caprichos", quando podiam davam, quando não podiam não davam, nós sempre tivemos essa noção do sacrifício e fomos crescendo e vivendo dentro dos limites impostos quer em termos dos haveres, quer em termos dos príncipios ético morais que nossos pais nos transmitiram com a educação e formação que nos deram que foram norteadores no nosso desenvolvimento.

O "pavio curto" é na verdade alguém que tem dificuldade em aceitar seus limites e frustrações, não consegue lidar com eles, portanto grita primeiro numa desesperada tentativa de evitar a frustração. A nossa capacidade de tolerar frustração é a base da maturidade emocional principalmente porque nos dá a habilidade necessária para distinguir fantasia de realidade.

Pode ser mais uma base teórica para compreensão do "pavio curto", a frustração e a tentativa de evitá-la, concordo que a capacidade de lidar com as frustrações seja a base da maturidade emocional, mas não penso que no "pavio curto" não seja a tentativa de evitar a frustração e sim o "grito" dessa frustração. Se por exemplo há "tolerância zero" em relação a uma injustiça seja ela verbal ou gestual, ao "explodir" não é para evitar a frustração e sim talvez mostrando essa frustração.

O "pavio curto" agride o mundo numa desesperada tentativa de se defender, como se ele estivesse antecipando o ataque que acredita que receberá.

Pode até ser que em algumas situações as pessoas ataquem antes de serem atacada, porém penso que o "pavio curto" já terá sido atacado e por isso reage de forma explosiva.

Na vida adulta nos descobrimos interdependentes com o meio, precisamos nos relacionar para sobreviver, precisamos do outro e o outro de nós. A maturidade emocional se faz quando percebemos esta difícil e delicada inter-relação, pois para nos relacionarmos precisamos conhecer nossos limites e os limites do outro.

Sim há dificuldade na sobrevivência quando estamos isolados do mundo que nos rodeia, porém nem sempre isso é matemático, porque por vezes algumas pessoas que já interagiram com o meio em que viviam acabam por preferir isolarem-se justamente por não concordar com o que se passa a sua volta, por cansarem de "dar murro em ponta de faca" por ser uma voz perdida na multidão, mas que não significa que não tenho maturidade emocional, isto é que não saibam lidar com as frustrações, para se relacionar com os outros não é calar diante de uma injustiça ou de algo errado, isso é covardia, falsidade e não falta de maturidade emocional, a forma de "não calar " é que dita o grau de auto controle, auto disciplina para lidar com as injustiças, contrariedades ou para aceitar provocações, justamente aqui que entra o ser "pavio curto" ou não, pelo menos penso que seja assim no meu caso.

Uma pessoa de temperamento explosivo, pode aprender a utilizar essa sua energia à seu favor.

Aprender a transformar essa energia explosiva e reverter á nosso favor, isto é auto controle dirigido, foi um dos "ensinamentos" que aprendi há muitos anos com o meu "guru" mar, porém até hoje tento desenvolver, mas os resultados obtidos são poucos, é claro que já consegui reduzir para cerca de 60% em algumas situações, nomeadamente laborais, mas noutras, nomeadamente familiar, isso é muito lento, vai a "passos de caracol", ou "velocidade de tartaruga" ou ainda "movido à carvão", mas antes "gatinhar" do que ficar estático. Há um aspecto positivo, pelo menos há consciência do que fez ser "pavio curto" no momento, porém não houve o auto controle necessário para evitá-lo, um outro aspecto positivo de resultados, é que passado segundos há o conversar e o pedir desculpas pela "explosão momentânea".

"Pavio curto" pode ser a consequência de uma imaturidade emocional em alguns casos, mas na maioria dos casos é resultante de uma falta de auto controle, de equilíbrio e de auto disciplina ao lidar com as situações que vão contra os seus princípios, que ferem seus brios, ou são carregadas daquilo que não se aceita ou tolera, como injustiças por exemplo.

A reação explosiva instântanea da situação é o que considero ser "pavio curto", principalmente no meu caso, cuja solução me foi "ensinada" pelo mar, porém , por mais tentativas que se faça, por mais que se reflita e tenha percepção do que aconteceu, por mais que se vá exercitando o auto controle e a auto disciplina, tentando alcançar o equilibrio no dia a dia, chega um determinado momento em que parece haver um "fúria indomável" dentro da pessoa, que escapa ao controle da mente, sai bruscamente, de forma automática, sem que consiga ser impedida de sair, tão devastadora que faz estrago no exterior, mas o estrago maior é no interior, porque justamente foi atingir uma pessoa que amamos e que temos consciência de que não queríamos magoar, mesmo que essa pessoa nos tenha magoado. É como que tenhamos uma barril de pólvora dentro de nós e alguém de fora acende um fósforo, há uma explosão estrondosa, sem que tenhamos tempo de perceber o que se passou, embora tenhamos consciência de vermos o fósforo aceso e de termos motivos para explodir. Depois que a explosão acontece ficamos devastados porque todo o esforço que tínhamos empreendido anteriormente se desvaneceu, foi em vão e apesar de estarmos certos no nosso motivo, mas totalmente errados na expressão do mesmo, revelando o insucesso do esforço que fizemos, com o agravante de termos além de perder a razão que tínhamos, termos magoado quem não gostaríamos de magoar, que no final acaba por nem se aperceber de que estivera sem razão e que fora o culpado da explosão.

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