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Amor & Emoção x Razão


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Breves Lembranças...uma Singela Homenagem


Breves lembranças, geradas a partir das palavras pronunciadas pelo padre, na missa de corpo presente, e que retrataram a essência deste ente querido, cujo Crepúsculo da Vida, aconteceu no dia 12/11/2018 e, entre as virtudes ressaltadas, a dedicação à família” resume o que foi a vida desse Imigrante Guerreiro de fibra, nascido no dia 12 de Maio de 1933, na localidade Tulhas, freguesia de Cárquere. Dotado de uma inteligência apurada e invejável, que, associado ao trabalho árduo, sacrifícios, preocupações excessivas, dedicação à família, honestidade, sabedoria, generosidade, compreensão, Fé em Deus, conhecimentos de cálculos financeiros, de economia e do ser humano de forma geral, adquiridos ao longo de sua existência, autodidata em saúde (se tivesse tido oportunidade de estudar teria sido um excelente médico), formado na escola da vida com louvor e distinção conseguiu singrar no mar da vida por mérito próprio. O Crepúsculo da Vida colocou um ponto final nessa trajetória de vida admirável, sem que dela desfrutasse, mas com a certeza de ter vencido a maioria das suas batalhas, principalmente o ter cumprido bem a missão que lhe foi destinada. E por isso Deus o levou: Para dar-lhe a recompensa (alcançar a Luz Divina) merecida pelo modelo de ser humano, de amor ao próximo, de amigo e companheiro que foi nesta vida terrena.
Por tudo, obrigado, meu Pai!
Nas breves recordações por acaso (será mesmo?) numa pesquisa na Internet surgiu a carta escrita no dia do pai do ano de 2017  (publicada no "cantinhodelux") que se ajusta ao presente momento, se mudar os tempos verbais da segunda frase e retirar a penúltima frase:
Querido pai!

Tenho muito orgulho de ser sua filha... Obrigada por ser esse pai maravilhoso, por tudo que me deu (dá) e continua dando ao longo da vida!

Obrigada por todo o sacrifício que fez, as necessidades porque passou, os sonhos que deixou de realizar, para não deixar faltar nada à família e pela mesa farta (não só de pão, mas de elevados valores humanos e ensinamentos) que sempre nos proporcionou...

Sei que não sou e nem fui a filha que desejaria ou merecia, por isso hoje peço perdão, assim como peço perdão pelas vezes que precisou e não obteve ajuda, embora por não ter percebido que precisava de ajuda sem que pedisse, pois nunca iria pedir ajuda, sempre foi auto suficiente quer porque foi obrigado pelas circunstâncias da vida, quer porque sempre deixou passar a imagem de uma fortaleza, resistente as intempéries da vida. Peço perdão também pelas decepções, injustiças ou ingratidão que lhe possa ter causado, mas saiba que cada decepção, cada mágoa que possa lhe ter causado se doeu em si, doeu muito mais em mim quando tomei consciência de ter cometido tal falta que na altura não consegui evitar por ser "pavio curto" ou "ferver em pouca água" ou por não conseguir conter a mágoa de receber uma injustiça no preciso momento...

Tenha um bom dia, feliz e com saúde, paz e harmonia...

Com amor, carinho, gratidão e admiração...



Sua filha



sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Luto pela Perda do Pai (Estrela-Guia)...Sofrimento Imensurável


O sofrimento causado pela perda de um ente querido é grande, principalmente se for o pai,  mãe ou  ambos. Nas celebrações fúnebres as palavras mais transmitidas aos enlutados são: "Força, eu já passei por isso...", claro que sempre vai ter alguém que já passou por essa situação, pois o Crepúsculo da Vida chega para todos, porém, o desabafo do irmão, neste momento de dor e sofrimento , expressa uma verdade e sabedoria: "Que todos tem um pai ou uma mãe para perder é certo, ninguém é filho de chocadeira, mas depende do sentimento que se tinha pelo pai ou pela mãe, tem pessoas que até nos pais batiam ou abandonaram num lar ou asilo e "vem dizer eu sei o que é isso... eu também perdi o meu pai ou a minha mãe", estas pessoas não sabem o que é perder um pai que era um amigo, um companheiro, são várias perdas..." aqui cabe complementar, com o que se passa no momento interior, ...várias perdas para além das mencionadas:
Perda do rumo da vida, pela perda da Estrela Guia que norteou a vida inteira; 
Perda do "modelo de referência";
Perda do conselheiro sábio, cuja sabedoria aprendeu na "escola da vida";
Perda de quem mais nos amou e amparou na vida, de forma graciosa, generosa, compreensiva e tolerante, sem esperar nada em troca, com o objetivo  de proporcionar felicidade, bem-estar e encaminhamento na vida aos seus filhos, mesmo quando recebia, por vezes, ingratidão pela imaturidade, inexperiência ou vivência destes.
Perda de quem muitos sacrifícios passou para dar aos seus filhos o que não teve: Uma mesa farta (nasceu no seio de uma família de lavradores pobre, humilde) e formação universitária (tendo apenas a 4ª Classe, se tivesse oportunidade de seguir os estudos, seria um excelente médico, como foi um excelente gestor/administrador, sem ter tido formação específica nessa área).
Tudo isso demonstra a dimensão do sofrimento, neste momento de luto, que assume proporções aumentadas, imensurável, chegando por vezes a ser insuportável, quando na nossa mente:
Vem a lembrança do sofrimento atroz que o ente querido passou e que não conseguimos proporcionar alívio desse sofrimento, o muito que procuramos fazer, foi insuficiente e por vezes. ainda que, involuntariamente, até possa ter contribuído para aumentar esse sofrimento (por exemplo ao ajudar nos movimentos, tocando em pontos dolorosos, por desconhecimento dos mesmos, ou quando incentivamos ou insistimos em que fizesse algo , o recomendado, mas que não podia ou não era de sua vontade,  etc..).
 Recordamos, com remorsos, que  deixamos de fazer algo em pró do ente querido durante à vida antes do sofrimento chegar, dos momentos que não desfrutamos da sua companhia e sabedoria porque estávamos "ocupados" com nossos interesses pessoais ou profissionais, com nosso egoísmo ou egocentrismo.
Achamos que por nossa culpa, ainda que de forma involuntária ou indireta, por falta de capacidade, por confiar na capacidade dos profissionais, por desconhecimento ou outras razões, permitimos  ou não fizemos nada para impedir que esse sofrimento se desse.
Surge uma revolta ao lembrar de todo o sacrifício que passou na vida, de tudo que proporcionou não só aos filhos como à família de um modo geral, da luta sem tréguas na vida, sem que desfrutasse desse sacrifício ou luta e nos seus derradeiros dias ter um sofrimento atroz desses...
Lágrimas impedem de continuar...
Meus Deus!  
 Imploro que o sofrimento atroz que a minha "Estrela-Guia" (Pai) passou nos seu derradeiros momentos  e todo o sacrifícios durante a vida terrena, o conduza para a Luz Divina, em Paz sem sofrimento.
Peço que recompense e abençoe ao filho, pela dedicação, que abdicou de sua  própria vida, não medindo esforços ou sacrifícios , ainda que  para isso  tenha ignorado sua própria saúde física, mental, financeira ou bem-estar pessoal e da sua  própria família, para dar conforto, carinho e alívio do sofrimento nos derradeiros dias do Pai.
Amém!

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Sofrimento à Luz da Ciência (3)...Relação Médico-Doente

 


O sofrimento que a Estrela-Guia (Pai) passou nos seu derradeiros dias, levou a questionar o porque de tanto sofrimento? Entre uma série de outros questionamentos:
1- Porque Deus quis que seu filho Jesus sofresse tanto? Qual o sentido? Purificação e expiar os pecados? mas Jesus Cristo não tinha pecado e era puro, seria para mostrar ao homem que a  consequência do pecado é o sofrimento?

2-Porque muitos antes de morrerem tem um sofrimento atroz e outros simplesmente fecham os olhos e não mais acordam?

3- Porque a morte para alguns é sinal de sofrimento prévio e para outros é a sequência natural, é o Crepúsculo da Vida?
4- Porque quando termina o "prazo de Validade da Vida" não poderia ser simplesmente fechar os olhos?
Estes questionamentos automaticamente condicionaram o surfar nas ondas do Mar Internet, desta vez à luz da ciência:

Sofrimento e tempo O sofrimento possui ligação peculiar com o tempo. Assim, a antecipação de experiência de dor (diante de diagnóstico de paramiloidose, por exemplo, em pessoa que já cuidou de um familiar morto devido a essa doença neurodegenerativa) pode causar sofrimento e raramente dor. Pode também antecipar experiências de sofrimento: “se a dor que tenho deriva de um câncer, vou morrer”. O fato de podermos sofrer pelo que iremos, supostamente, viver no futuro pode ser usado inversamente, ou seja, podemos diminuir o sofrimento utilizando a sua estreita ligação à dimensão pessoal. Assim, por exemplo, um doente terminal pode diminuir o seu sofrimento atual estabelecendo pequenas metas a curto prazo em que realiza ou vê acontecer determinados fatos; por exemplo, assegurar que os estudos dos seus filhos menores sejam pagos com dinheiro entregue para esse fim a alguém de confiança. É a noção de tempo que relaciona as imagens (…) e que lhes dá a luz e o tom que as datam e as tornas significantes. (…) Porque a memória, aprendi por mim, é indispensável para que o tempo não só possa ser medido como sentido.
Doenças crônicas Até meados do século XX, a doença que mais matava na Europa era a tuberculose, mas com o sucesso antibacteriano conseguiu-se controlar sua expansão . A partir dos anos 1950, as neoplasias começaram a aumentar em todo o mundo, com incidência epidemiológica crescente, até nossos dias. Em Portugal, as neoplasias são ultrapassadas pelas doenças de foro coronário – lá se verifica o êxito no controle das doenças infecciosas, bem como o aumento de tempo médio de vida daí decorrente. Existem ainda outras causas para essa situação, como modificações alimentares, a entrada das mulheres no mundo do trabalho remunerado, as alterações climáticas e demográficas etc. Entre as consequências dessa mudança, assinalamos a necessidade de maior (e mais longo) contato clínico com pacientes: o número de doentes que um médico (em contexto hospitalar, por exemplo) diagnostica, medicamenta e nunca mais vê está diminuindo extraordinariamente em Portugal. Em contrapartida, existem cada vez mais pessoas que se sentem quase membros das famílias dos enfermeiros e médicos por quem são cuidados há anos.
Relação médico-paciente A formação de cuidadores de saúde formais exige, pois, crescente atenção quanto à relação Para compreender o sofrimento humano  médico-paciente. Daí o movimento em todo o mundo de (re)inserir o estudo das humanidades na formação médica. Nesse sentido, órgãos estadunidenses e europeus determinaram que o princípio do bem-estar do enfermo está baseado na dedicação em servir o interesse do paciente. Altruísmo contribui para a confiança que é central à relação médico-doente. Forças de mercado, pressões sociais, e exigências administrativas não devem comprometer este princípio. Outra questão que as doenças crônicas acarretam é a compreensão de que os cuidadores formais de saúde devem desenvolver humildade, que deveria ser estimulada nos anos de formação. Grande número de doenças crônicas está catalogado como sendo de foro autoimune, sobre o que muito pouco se conhece. Para ampla variedade delas, o que a medicina oferece é de carácter paliativo, e não de tratamento. A reabilitação de pacientes (ainda que não total) não é suficientemente estimulada, contrariamente a outras doenças crônicas cujos mecanismos de funcionamento são mais claros, biologicamente falando (diabetes, doenças coronárias etc.). A formação médica assenta, contudo, na dimensão curativa ou – quando curar não é possível – em manter os organismos vivos a todo custo. Essas situações ocorriam até então, sobretudo no que concerne a doentes terminais, mas as doenças crônicas vieram mudar essa situação. Diante desse quadro, a função dos médicos será, sobretudo, cuidar de pessoas que vivem quotidiano quase idêntico ao de não doentes, dado que muitos deles trabalham, desempenham funções familiares, utilizam seu tempo de ócio etc. – eles não estão doentes, são doentes  . Formação Como referido anteriormente, a formação médica usualmente não foca o treino de competências relevantes para a prática clínica com doentes crônicos por se alicerçar em crenças que impossibilitam tal investimento. Abordar-se-ão algumas, de foro epistemológico. Como se sabe, a medicina foi, até muito tarde, uma arte aliada ao saber escolástico próprio das universidades europeias, sobretudo mediterrâneas. Daí seu estatuto epistemológico de ciência aplicada . Le Breton apelida-a de ciência do corpo doente  , que nos remete diretamente a sua visão profundamente patogênica do ser humano, explicada e compreendida em função do paradigma mecanicista da física moderna. A formação médica assenta na crença da causalidade linear, ou formal/eficiente, em termos aristotélicos  . Como vimos, acredita-se ainda que a causa de um sinal, de uma sintomatologia, reside sempre numa disfunção em termos fisiológicos, em termos macro ou micro, por mais ínfimos que sejam. Daí que se sujeitem pacientes a exames contínuos, de crescente precisão, com certeza usualmente inabalável que essa causa única e fisiológica será encontrada . Em vários tipos de doenças crônicas, porém, não se encontram quaisquer deformações estruturais nos órgãos suspeitos, mas no modo como esses órgãos desempenham sua esperada função orgânica. As de tipo autoimune muito usualmente apresentam sintomatologia tão diversificada, que se torna impossível assumir-se uma só causa orgânica. Ou se considera essa origem única existente no imaginário do paciente (ou de foro mental, como identificamos) ou se assume que deverá existir uma variedade de causas para a multiplicidade tipológica de mal-estar. Esse tipo de doença remete ainda para a possibilidade de causalidade circular, e, se isso não é compreendido, pode-se tomar causa por efeito e vice-versa. Os médicos (cuja formação assenta na investigação laboratorial e científica) raramente assumem que são observadores em sua atuação profissional. Essa dificuldade existe por esse tipo de formação usualmente assentar na crença de que o conhecimento produzido corresponde à realidade (teoria da correspondência com o real, em termos epistemológicos), ainda que o doente não se identifique com ele . Treinam-se profissionais de saúde que acreditam atuar sem crenças ou representações psicossocioespirituais, que creem que aquilo a que seus corpos foram sujeitados em sua existência não influencia o modo de cuidar dos outros. Defende-se o maior autocontrole emocional possível e, de preferência, a inexistência de emoções perante o sofrimento humano. Sabemos que isso é impossível; o observador representa resultados (por ele avaliados) de suas interações com outros, e felizmente isso já é assumido em alguns manuais de apoio a cuidadores não formais, e mesmo formais : Através de interações recorrentes com os seus próprios estados linguísticos, um sistema pode permanecer assim sempre em situação de interagir com as representações (…) das suas interações. Tal sistema é um observador . Assim, a classe médica encontra-se em situação contraditória quanto a doenças crônicas. Se, por um lado, em nível da investigação científica, a  bioquímica tem investido bastante nesse tipo de enfermidade, no que se refere ao cuidado de doentes crônicos há, porém, longo caminho a percorrer na formação médica e na prática clínica. É necessário que sejamos educados face à nossa vulnerabilidade e nosso sentimento de vulnerabilidade, é necessário que a educação tome como sua responsabilidade este aspecto. Cuidados e comunidade Não caberia às comunidades nas quais os doentes crônicos vivem o cuidado desse mal-estar? Sim e não, pois muito do sofrimento dos doentes crônicos tem origem em seus relacionamentos comunitários. Quando do diagnóstico desse tipo de doenças, o enfermo é usualmente atingido por uma onda de solidariedade por parte de familiares e amigos. Tratando-se, no entanto, de doenças “em longo prazo”, com o tempo essa onda vai diminuindo; os cuidadores cansam das lamúrias (que também vão diminuindo diante da redução de pessoas que os procuram), familiarizam-se com as dificuldades motoras, alimentares etc., e pouco a pouco se esquecem que lidam com pessoas acometidas por aflições enormes, sendo a maior de todas a de não poder simplesmente ser como os outros. Enquanto doenças, como elas têm sido consideradas classicamente, estão confinadas ao corpo e às suas partes, a dolência de uma pessoa pode ser acompanhada por desordem em todo o sistema da pessoa – por exemplo, associados à família, ou até à comunidade .
Sofrimento crônico Na maior parte das doenças, o sofrimento perdura menos que o tratamento que leva à cura; uma das razões mais importantes para o alívio do sofrimento deriva da analgesia que uma primeira consulta ao médico proporciona. Por contraposição, doenças crônicas acarretam sofrimento crescente conforme as pessoas vão se sentindo um fardo cada vez mais pesado na vida de seus cuidadores informais. Sua identidade está profundamente ligada à vida daqueles a quem amam reciprocamente. Sentir que lhes tolhem a vida, que os limitam com suas limitações, é algo que se torna dramático quando tal situação se revela definitiva. Essas pessoas vivem usualmente sofrimento mesclado a culpa e medo de serem abandonadas. Quase inevitavelmente começam a pensar que o cuidador atua por obrigação e não por amor. Sobrecarregar quem os ama os divide em sua própria identidade. Essa situação acarreta dificuldades relacionais acrescidas, que se refletem, por exemplo, na vida sexual dos doentes crônicos, quer tenham dores, dificuldades motoras, insuficiências respiratórias, vasculares etc. No caso de mulheres, o sofrimento acentua-se facilmente dada a complexidade de fatores implicada em sua sexualidade. Representações sociais Em sociedades em que se valorizam pessoas com elevada emulação, que sejam admiradas pelos outros, quem se sente diminuído por seu sofrimento (físico, afetivo, espiritual etc.) sente-o aumentar exatamente por se considerar um fracasso para si próprio, para outros e até para entidades transcendentes em que acredita. Muitas pessoas vivem em contínuo duplo constrangimento , oscilando entre sentirem-se injustiçadas e não conseguirem ser como os outros (ou como acreditam que os outros sejam, sobretudo devido às imagens com que somos bombardeados pela mídia). Por razões desse tipo, o envelhecimento se tornou motivo de sofrimento para quase todos nós. Cada vez se torna mais difícil perceber a sabedoria existencial que a idade acarreta, focados como estamos na falta de vitalidade, produtividade, beleza estandardizada etc. Não podemos subestimar o impacto dessas representações sociais nas pessoas. Com efeito, a vontade de ser reconhecido como normal, igual, está sempre presente, ainda que não de forma consciente. Assumi-la, compreendê-la criticamente e perceber os custos que implica devem fazer parte de uma educação para o sofrimento. A importância da aceitação foi abordada por Kübler-Ross , entre outros. O sofrimento de uma pessoa doente é muito variável, mesmo em termos ontogenéticos, pelas razões anunciadas. Quanto maior a intensidade com que se sente a dor, maior é, em princípio, o sofrimento percebido pela pessoa. Daí os doentes crônicos associarem muitas vezes de forma linear seu sofrimento à dor provocada pela doença . Quando questionados com pormenor sobre essa correlação, verificamos que muito do sofrimento se relaciona antes com falta de sentido interno de coerência (SOC – Sense of Coherence) e falha na criação/gestão de recursos de resistência (GRR), colocando as pessoas em processos desidentitários. A negação ou a raiva diante da doença não proporciona sofrimento ou desenvolvimento de SOC/GRR . Muitas vezes, essa dificuldade é observada em cuidadores de doentes . O SOC refere-se à capacidade de atribuição de sentido na vida de cada um de nós, estruturando-nos diante das perturbações internas, ou (percepcionadas como) externas. Nem sempre quem mais sofre consegue reverter (lentamente) a situação em aprendizado; isso ocorre com pessoas que já atribuíram (e construíram) sentido no seu cotidiano, em outras vivências experienciadas anteriormente ao sofrimento em questão. No entanto, encontramos em estudos outras pessoas que diante de doenças crônicas graves não veem acrescido seu sofrimento, pois integram em suas vidas as dores a elas associadas. Isso se verifica em pessoas que conseguem atribuir sentido (ou SOC) a suas vivências dolorosas . Dimensão comunitária Na teoria da autopoiesis , seres humanos são sistemas vivos de terceira ordem, significando que a dimensão comunitária é intrínseca a sua identidade biológica. Construir níveis complexos de significação autopoiética pressupõe, pois, a inclusão daqueles que amamos nessa construção. Com essas pessoas, constituímo-nos uns aos outros em torno de padrões auto-organizativos que nos fazem atribuir sentido e valor semelhante ao sofrimento. Para tal, ajudamo-nos uns aos outros a encontrar formas de resistir ao sofrimento, mas também de aceitá- -lo, apoiando-nos nos recursos que as comunidades em que vivemos nos proporcionam . Os sistemas autopoiéticos podem interagir entre si, sem perder a sua identidade, enquanto as suas respectivas modalidades de autopoiesis constituam fonte de perturbações compensáveis . Cuidar informalmente de alguém está no domínio das comunidades às quais se pertence. A valorização social dessa dimensão corre risco de se perder, devido às sociedades altamente competitivas nas quais vivemos, que vinculam pessoas quase exclusivamente ao mundo laboral . Cuidar de alguém que sofre exige paciência, humildade, compaixão, despojamento. Caso o sofrimento esteja associado a dores, poderá exigir também cuidados profissionais de técnicos de saúde, mas os cuidados informais permanecem insubstituíveis na recuperação da pessoa .
Considerações finais Aprender com o sofrimento decorre de uma flexibilização lenta de padrões, que não pode levar a sua ruptura, sob risco de desagregação identitária. Daí a importância de formação de cuidadores que assuma a dimensão observacional, ou seja, a capacidade de lidar com suas representações mentais sobre as pessoas das quais cuida como se essas representações tivessem realidade ontológica, isto é, como se elas fossem o espelho daqueles de quem cuida. Mantendo isso em mente, os cuidadores tentarão compreender modos de pontuação da realidade tornados padrões de atribuição de significado no (ao) mundo dos sofredores (recorrendo às histórias de vida e a outro tipo de narrativas, por exemplo). Para tal, terão que estabelecer relações alicerçadas em empatia, humildade e confiança que possibilitem acoplamentos estruturais , quer com os doentes, quer com seus cuidadores informais. Para compreender o sofrimento humano  Pode acontecer que pessoas doentes com dores não estejam em sofrimento, caso aceitem sua condição e com ela tenham aprendido a reforçar o sentido da vida. Somente as conhecendo como seres humanos, e não só como pacientes, poderemos identificar se há, ou não, sofrimento, e de que tipo se trata. Os cuidadores informais são imprescindíveis para tal, e qualquer profissional de saúde deveria ter treino comunicacional, antropológico e ético para saber identificar situações nas quais seus doentes precisam de ajuda para além de medicamentos e tratamentos, mais ou menos invasivos . É impossível (não meramente difícil, mas impossível) basear decisões clínicas sólidas unicamente na evidência científica porque, como toda a ciência, a evidência sobre generalidades e pacientes são indivíduos particulares, únicos . O quase domínio da dor no século passado criou a crença em muitos profissionais (e até no público em geral) de que o sofrimento humano se encontra também controlado. Porém, isso não aconteceu, devido inclusive à dimensão simbólica que o sofrimento possui para cada pessoa, para cada comunidade e até para uma cultura civilizacional . A criação de matérias da área humanística não garante, por si só, formação mais integral e humanizadora dos profissionais de saúde 51, por causa de vários fatores, como o poder do paradigma mecanicista biomédico na academia do dito mundo civilizado. Estudos indicam que profissionais de saúde que tiveram formação nessa área a subestimaram de tal modo que, quando da sua prática clínica, não conseguem recordar que muito da formação de que sentem falta lhes foi oficialmente ministrado nas academias. O ideal do médico cinco estrelas se encontra muito longe de ser atingido, e a epidemia de negligência médica em alguns países assim o demonstra . Os próprios profissionais, aliás, são vítimas de uma formação que os treina para serem autômatos sem emoções, conduzindo-os por vezes para o esgotamento em todos os níveis . Por fim, é necessário que cuidadores informais, além dos formais, lembrem que pode existir sofrimento sem dor . Viver desestruturado, sem identidade e sentido para a vida constitui perigo não só para as pessoas em causa, mas também para comunidades .
Referências 1. Saunders C, Summers DH, Teller N, editores. Hospice: the living idea. Philadelphia: Saunders; 1981. 2. Munson P. Stricken: Voices from the hidden epidemic of chronic fatigue syndrome. New York: Haworth Press; 2000. 3. Coutinho JF, Fernandes SV, Soares JM, Maia L, Gonçalves OF, Sampaio A. Default mode network dissociation in depressive and anxiety states. Brain Imaging Behav. 2016;10(1):147-57. 4. Damásio A. The feeling of what happens: body and emotion in the making of consciousness. Nova York: Harcourt-Brace; 1999. 5. Varela FJ, Thompson E, Rosch E. The embodied mind. Cambridge: MIT; 1992. 6. Portugal. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controlo da Dor. Lisboa: Ministério da Saúde; 2008. p. 6. 7. Cantista M. A dor e o sofrimento. Porto: Campo das Letras; 2001. p. 217. 8. Fricker J. Pain in Europe: a 2003 report. [Internet]. Cambridge: Mundipharma; 2003 [acesso 27 jan 2015]. Disponível: http://bit.ly/1UMyzW0 9. Le Breton D. Compreender a dor. Lisboa: Estrela Polar; 1995. 10. Groopman J. The anatomy of hope. Nova York: Random House; 2004. 11. Pfizer. Pro
 
http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n2/1983-8034-bioet-24-2-0225.pdf

Sofrimento...à Luz da Ciência (1)


O sofrimento que a Estrela-Guia (Pai) passou nos seu derradeiros dias, levou a questionar o porque de tanto sofrimento? Entre uma série de outros questionamentos:
1- Porque Deus quis que seu filho Jesus sofresse tanto? Qual o sentido? Purificação e expiar os pecados? mas Jesus Cristo não tinha pecado e era puro, seria para mostrar ao homem que a  consequência do pecado é o sofrimento?

2-Porque muitos antes de morrerem tem um sofrimento atroz e outros simplesmente fecham os olhos e não mais acordam?

3- Porque a morte para alguns é sinal de sofrimento prévio e para outros é a sequência natural, é o Crepúsculo da Vida?

4- Porque quando termina o "prazo de Validade da Vida" não poderia ser simplesmente fechar os olhos?
Estes questionamentos automaticamente condicionaram o surfar nas ondas do Mar Internet, desta vez à luz da ciência:

Cientificamente falando (transcrição de  um artigo encontrado- referido o "site"no final, cujo o teor  corresponde às noções teóricas conhecidas, ensinadas, estudadas e aprendidas no passado, mas que no presente momento teria sido difícil redigir com a clareza e objetividade coo neste artigo)
" Para compreender o sofrimento humano É muito usual identificarmos dor com sofrimento, ainda que, em termos rigorosos, se tratem de realidades distintas. Enquanto a dor possui sempre suporte fisiologicamente detectável, no sofrimento muitas vezes não é assim. Saunders  (nos anos 1960) propôs o conceito de “dor total”, mas as concepções mais contemporâneas de sofrimento são ainda mais completas do que a da fundadora do movimento Hospice. Isso se deve, sobretudo, às inovações tecnológicas que permitiram compreender melhor, por exemplo, mecanismos fisiológicos produtores da dor.  refletir sobre a possibilidade de existir descontinuidade ôntica entre dor e sofrimento,  contribuir para melhor compreensão dessas vivências humanas, e melhor embasar a formação de cuidadores de saúde mais perspicazes e compassivos.
A definição de dor mais comum na prática clínica identifica-a, de modo mais ou menos consciencializado, como sinal fornecido por tecidos corporais alterados. A dor existe sempre como manifestação de alterações fisiológicas, cuja causa técnicas auxiliares de diagnóstico usualmente identificam. A maior parte das vezes em que isso não acontece, é dito às pessoas que se queixam de dor que ela não decorre de acontecimento no seu corpo, mas de “fatores psicológicos” . Esse aparente diagnóstico manifesta outra crença difundida entre profissionais de saúde: O que é do nível psicológico não existe, é imaginado, é apenas mental, ou seja, a mente não é de ordem fisiológica, não vive imersa num corpo. O pressuposto aqui encontrado é o da divisão mente-corpo; essa crença (frequentemente não consciencializada) desmerece situações nas quais há dor sem disfunção detectável, como no caso de dores fantasma, aperto no coração etc. Dada a impossibilidade de serem avaliadas como dores viscerais ou somáticas, são por vezes enunciadas como mentais ou psicológicas pelos profissionais de saúde, desvalorizando-as por não serem (nessa linha de raciocínio) de ordem fisiológica. Diante desse tipo de diagnóstico, os usuários comumente realizam essa mesma leitura. Muitos não efetuam consultas adicionais; outros são enviados para psiquiatras, onde costumam ser avaliados apenas em nível cerebral , ainda que o funcionamento neurológico abranja todo o corpo humano .
Definição Atentos aos problemas que esse tipo de crença sobre a dor acarreta, a Associação Internacional de Estudo da Dor (cuja sigla em inglês é Iasp) definiu dor, há quase 20 anos, como experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidular atual ou potencial, ou descrita em termos de tal dano . Assume-se que a dor possui dimensão profundamente subjetiva, por tratar-se de vivência. O paradigma que impera nos cuidados de saúde formal é o biomédico, sendo uma de suas caraterísticas a produção de conhecimento descritivo e objetivável. Essa definição continua a vincular dor apenas a sua dimensão disfuncional em nível fisiológico, não colocando como hipótese haver dores de foro não fisiológico, tout court. Admite essa existência apenas enquanto a ciência não possui instrumentos/ conhecimento para identificar a causa linear de todo tipo de dor. É curioso que a argumentação desse raciocínio se vincule à linguagem aristotélica (potencial ou atual). Porém a inclusão pela Iasp da dimensão emocional na definição de dor representa mudança, permitindo que esse aspecto, de pendor fortemente subjetivo, se alie à dimensão fisiológica presente (e tradicional) na definição de dor. Quando não é possível identificar causa para uma queixa de dor, será mais sensato admitir ignorância que implicitamente avaliar essa percepção como irreal, apelidando de “psicológica” ou “somática”. A classe médica, por vezes, impõe aos doentes de tal modo suas representações e significados sobre o sofrimento, que os enfermos acabam optando pelas soluções que derivam desses pressupostos, e para as quais são pressionados. É um imaginário de origem tecnocientífica que determina a atual percepção da dor e do sofrimento e explica muitos dos nossos comportamentos, como no caso daquelas mulheres que, a partir de testes genéticos de cancro, optam pela solução mais radical, não escapando, afinal, a novas formas de sofrer  . Sejam quais forem as causas da dor, elas ocorrem num corpo em que o sistema nervoso tem papel muito importante. Estudo europeu sobre dor crônica  , realizado com cerca de 46 mil pessoas de dez países, constatou que um em cada cinco adultos sofre de dores crônicas, que se prolongam em média por sete anos, podendo atingir vinte anos ou mais. Em outro estudo  , 40% dos doentes crônicos assinalam o impacto da dor nas suas vidas cotidianas. Muitos desses doentes não foram avaliados ou diagnosticados, nem suas dores foram convenientemente monitoradas. Para compreender o sofrimento humano  É muito usual identificarmos dor com sofrimento, ainda que, em termos rigorosos, se tratem de realidades distintas. Enquanto a dor possui sempre suporte fisiologicamente detectável, no sofrimento muitas vezes não é assim. Saunders  (nos anos 1960) propôs o conceito de “dor total”, mas as concepções mais contemporâneas de sofrimento são ainda mais completas do que a da fundadora do movimento Hospice. Isso se deve, sobretudo, às inovações tecnológicas que permitiram compreender melhor, por exemplo, mecanismos fisiológicos produtores da dor. Empreendemos esta pesquisa para ) refletir sobre a possibilidade de existir descontinuidade ôntica entre dor e sofrimento, ) contribuir para melhor compreensão dessas vivências humanas, e ) melhor embasar a formação de cuidadores de saúde mais perspicazes e compassivos. Da dor A definição de dor mais comum na prática clínica identifica-a, de modo mais ou menos consciencializado, como sinal fornecido por tecidos corporais alterados. A dor existe sempre como manifestação de alterações fisiológicas, cuja causa técnicas auxiliares de diagnóstico usualmente identificam. A maior parte das vezes em que isso não acontece, é dito às pessoas que se queixam de dor que ela não decorre de acontecimento no seu corpo, mas de “fatores psicológicos”  . Esse aparente diagnóstico manifesta outra crença difundida entre profissionais de saúde: o que é do nível psicológico não existe, é imaginado, é apenas mental, ou seja, a mente não é de ordem fisiológica, não vive imersa num corpo. O pressuposto aqui encontrado é o da divisão mente-corpo; essa crença (frequentemente não consciencializada) desmerece situações nas quais há dor sem disfunção detectável, como no caso de dores fantasma, aperto no coração etc. Dada a impossibilidade de serem avaliadas como dores viscerais ou somáticas, são por vezes enunciadas como mentais ou psicológicas pelos profissionais de saúde, desvalorizando-as por não serem (nessa linha de raciocínio) de ordem fisiológica. Diante desse tipo de diagnóstico, os usuários comumente realizam essa mesma leitura. Muitos não efetuam consultas adicionais; outros são enviados para psiquiatras, onde costumam ser avaliados apenas em nível cerebral 3 , ainda que o funcionamento neurológico abranja todo o corpo humano . Definição Atentos aos problemas que esse tipo de crença sobre a dor acarreta, a Associação Internacional de Estudo da Dor (cuja sigla em inglês é Iasp) definiu dor, há quase 20 anos, como experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidular atual ou potencial, ou descrita em termos de tal dano . Assume-se que a dor possui dimensão profundamente subjetiva, por tratar-se de vivência. O paradigma que impera nos cuidados de saúde formal é o biomédico, sendo uma de suas caraterísticas a produção de conhecimento descritivo e objetivável. Essa definição continua a vincular dor apenas a sua dimensão disfuncional em nível fisiológico, não colocando como hipótese haver dores de foro não fisiológico, tout court. Admite essa existência apenas enquanto a ciência não possui instrumentos/ conhecimento para identificar a causa linear de todo tipo de dor. É curioso que a argumentação desse raciocínio se vincule à linguagem aristotélica (potencial ou atual). Porém a inclusão pela Iasp da dimensão emocional na definição de dor representa mudança, permitindo que esse aspecto, de pendor fortemente subjetivo, se alie à dimensão fisiológica presente (e tradicional) na definição de dor. Quando não é possível identificar causa para uma queixa de dor, será mais sensato admitir ignorância que implicitamente avaliar essa percepção como irreal, apelidando de “psicológica” ou “somática”. A classe médica, por vezes, impõe aos doentes de tal modo suas representações e significados sobre o sofrimento, que os enfermos acabam optando pelas soluções que derivam desses pressupostos, e para as quais são pressionados. É um imaginário de origem tecnocientífica que determina a atual percepção da dor e do sofrimento e explica muitos dos nossos comportamentos, como no caso daquelas mulheres que, a partir de testes genéticos de cancro, optam pela solução mais radical, não escapando, afinal, a novas formas de sofrer  . Sejam quais forem as causas da dor, elas ocorrem num corpo em que o sistema nervoso tem papel muito importante. Estudo europeu sobre dor crônica  , realizado com cerca de 46 mil pessoas de dez países, constatou que um em cada cinco adultos sofre de dores crônicas, que se prolongam em média por sete anos, podendo atingir vinte anos ou mais. Em outro estudo  , 40% dos doentes crônicos assinalam o impacto da dor nas suas vidas cotidianas. Muitos desses doentes não foram avaliados ou diagnosticados, nem suas dores foram convenientemente monitoradas.  (Cont...)
http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n2/1983-8034-bioet-24-2-0225.pdf

Sofrimento à Luz da Ciência (2)...Escala de Dor


 
Escalas de dor Para compreender o sofrimento humano Existem algumas escalas para classificar a dor, ainda que se reconheça que nenhuma é totalmente fiável. As analógicas com rostos são utilizadas com crianças e adultos que não se exprimem verbalmente. As analógicas de tipo visual mostram usualmente uma linha horizontal de 100 milímetros em uma régua, representando a intensidade da dor sentida por numeração de 0 a 10. São utilizadas, sobretudo, para prescrição medicamentosa, mas podem ser também recurso fundamental para diagnóstico, por exemplo, no âmbito da fisioterapia. Outro tipo de instrumento para classificar a dor – o mais completo, – é o inquérito de McGill-Melzack, que tem sido muito apreciado por tentar avaliar a dor tanto na qualidade quanto na intensidade. As categorias estão distribuídas em vários itens, possibilitando escolha bastante variada por parte do doente: algumas se referem à sintomatologia sensorial, outras à dimensão afetiva, e outras a alguns aspectos particulares. A linguagem utilizada remete ao vocabulário usualmente utilizado por doentes, em vez de se vincular a nomenclatura técnica  .
Classificação A dor pode ser considerada aguda ou crônica (no que diz respeito à intensidade); a primeira é forma de alerta do organismo, diante de agressão mecânica, química ou térmica; a segunda provoca desequilíbrios orgânicos, diminuindo progressivamente as capacidades funcionais das pessoas. A tipologia fisiológica mais comum inclui dor somática, visceral e neuropática. Na primeira temos dores resultantes de danos no “exterior” do corpo, enquanto a dor visceral remete a dores internas aos órgãos (a sintomatologia clássica são as cólicas abdominais). Ambas são da ordem nociceptiva: experiência sensorial que ocorre quando neurônios sensoriais periféricos específicos (nociceptores) respondem a estímulos nocivos, usualmente agudos. Já dores neuropáticas resultam de disfunções no próprio sistema nervoso. O seu funcionamento só começou a ser compreendido no final do século passado . Frequentemente, em situações crônicas, a dor não se localiza na zona da lesão, mas na estrutura nervosa que está afetada (nervos, medula, cérebro, por exemplo), não diminuindo com analgésicos usuais. Se McGill-Melzack classificam a dor como sensorial, afetiva, ajuizadora, Saunders distingue dor de dor total. A primeira diz respeito à dimensão fisiológica, a outra, aos domínios psicológicos, sociais e espirituais associados à primeira . Essa autora verificou que grande parte do sofrimento dos doentes com câncer resultava de conexão entre dor aguda de tipo fisiológico e questões relacionais do próprio doente consigo e com outros (especialmente família e entidades consideradas transcendentes). Muito do que atormenta essas pessoas refere-se a culpa, frustração e impotência perante situações que viveram no passado ou que gostariam de viver no futuro. Assegurar que aqueles que amam se encontram bem e que possuem meios para continuar vivendo bem no futuro é outra das grandes preocupações, assim como o possível propósito ou sentido de sua dor, ou seu direito, ou não, à eternidade. Essa temática pode ser abordada em detalhes pelo estudo dos estágios enunciados por Kübler-Ross , entre outros autores posteriores. A definição de Saunders foi inovadora para sua época e muito importante, pois abriu caminho aos cuidados paliativos. Todavia, sua visão se enraíza epistemologicamente ainda na perspectiva dualista do paradigma mecanicista, ao qual pertence a perspectiva biomédica. Com efeito, a dimensão fisiológica não só é indissociável dos outros tipos de dores, como pressupõe, paradoxalmente, que o todo (a dor total) é igual à soma das partes (vários tipos de dores), hipótese fundamental do mecanicismo moderno . As escalas de dor constituem tentativas de medição de experiência subjetiva, e quando não são manejadas por usuários, mas por profissionais de saúde (enfermeiros, usualmente), sua credibilidade diminui imensamente. Sua vertente quantificadora permitiu ainda a elaboração de protocolos analgésicos para cada item numérico das escalas, que costumam ser ineficazes nas doenças autoimunes, pois o tipo de dor a elas associado não diminui com a medicação protocolada para o nível e a intensidade assinalados pelos usuários . A maior parte das dores presentes com essas doenças (fibromialgia, lúpus etc.) é de tipo neuropático, podendo haver intensidade diferenciada em várias partes do corpo no momento em que as dores são avaliadas com escalas, por exemplo. Assim, conforme a compreensão das dores neuropáticas aumenta, maior deveria ser a sensibilidade dos cuidadores profissionais para a subjetividade inerente a qualquer forma de dor. Saber escutar e conhecer bem o usuário, pelas suas narrativas, produz melhor conhecimento sobre a dor de um indivíduo do que qualquer forma de medição de dor .  Diferentes culturas possuem diferentes concepções acerca do sofrimento. Por exemplo, a cultura budista o encara, e sua função, de forma integrada à vida quotidiana das pessoas. Na nossa cultura foram surgindo, ao longo dos tempos, variadas formas de entendimento sobre sofrimento e o modo de senti-lo. Mesmo que o abordemos numa época histórica precisa, como a atual, podemos encontrar mais de uma conotação; por exemplo, como mencionado, associa-se geralmente à dor. Definição Diante das múltiplas definições, optou-se pela definição clássica de sofrimento no mundo da saúde, enunciada por Cassell , pois permite elucidar determinadas experiências de sofrimento nem sempre avaliadas como tal. Assim, genericamente, sofrimento é um estado de aflição severa, associado a acontecimentos que ameaçam a integridade (manter-se intacto) de uma pessoa. Sofrimento exige consciência de si, envolve as emoções, tem efeitos nas relações pessoais da pessoa, e tem um impacto no corpo. Essa situação existencial de aflição grave verifica-se naquilo que a pessoa identifica com seu interior, usualmente associado a emoções, como ansiedade, e a sentimentos, como tristeza, frustração, impotência etc. O fato de tratar-se de vivência interior torna possível que não seja sempre detectável por um observador. O sofrimento surge sempre associado a eventos, sobretudo externos (outras pessoas, doença, desemprego, perda de ente querido etc.). É importante realçar, no entanto, que o estado de aflição severa é sentido interiormente; daí ser usual a hipótese de haver algum dano em órgão interno, como no coração, no fígado etc. Quando isso acontece, mesmo que exames auxiliares de diagnóstico nada identifiquem, profissionais de saúde devem ter muito cuidado antes de concluir que nada ali lhes diz respeito. Ainda que a causa do sofrimento possa ser considerada exterior, não se pode confundi-la com o efeito produzido (o sofrimento), tampouco reduzi-lo àquela única causa.
Dimensão holística do sofrimento Grande parte do sofrimento do doente relaciona-se a outros fatores para além de seus problemas fisiológicos. Uma pessoa diagnosticada com doença sente-se fragilizada, ou pensa que deveria sentir-se assim; acredita que tem limitações de tipo fisiológico usualmente descritas por profissionais de saúde. Essa situação afeta o modo como se alimenta, se movimenta, interage consigo e com outros. Estados de humor menos positivos usualmente se manifestam em pessoas doentes, e, no que se refere a portadores de doenças crônicas, não é pequena a possibilidade de atingirem estados depressivos. É comum sentirem-se insuficientemente apoiados, não levados a sério etc. O doente tem também preocupações de tipo comunitário que podem causar grande aflição, dado que sua ausência (temporária ou definitiva) acarreta dificuldades a sua família, à empresa em que trabalha, aos amigos que o apoiam etc. Os problemas vividos (ou postulados) pelo doente prendem-se às funções que ocupa socialmente, não somente a sua doença. Como exemplos, é possível que o enfermo seja o suporte emocional fundamental de alguém – como filho, companheiro, amigo, pai ou avó – ou que as despesas da casa dependam do salário do doente incapacitado de laborar. Estar doente pode ainda obrigar a interrogações sobre o sentido da vida e da morte, do que fazemos aqui, bem como sobre o que deveríamos fazer; será que estamos em trânsito para outra dimensão ou essa é a última etapa de outras que nos precederam? Inquietações filosóficas que assaltam qualquer ser humano em momentos em que o fim passa a ser vislumbrado , tal como nos lembra Tolstói: Mas que estou eu para aqui a arengar: Qual o fim da existência? Não pode ser. É impossível que a vida seja tão absurda e repulsiva. E se o é, para que morrer, e morrer entre sofrimentos?  Tudo isso faz parte da aflição intensa que uma pessoa doente suporta, mas com a agravante de todas essas questões existirem pouco arrumadas categorialmente, vibrando ruidosamente dentro dela. Essa multiplicidade de anseios, tristezas, dores, frustração, cria usualmente desânimo, sensação de total impotência diante da própria vida e daquilo que lhe confere sentido: aqueles a quem amam reciprocamente. A sensação de desintegração interna é real e muitas vezes acompanhada de sensações viscerais. As pessoas, muitas vezes, descrevem que estão a “engolir a si próprias”, ou utilizam metáforas do mesmo tipo. Essa desidentidade manifesta-se fisicamente também pelo emagrecimento súbito e acentuado, pois o sofrimento corresponde por vezes a desistência de lutar, abandono dessa pessoa – que já não se reconhece como “eu”  – ao seu destino: Como se acabasse de dar início a um processo de despersonalização, eu tinha-me transferido para um sujeito na terceira pessoa.  Muitas vezes, porém, o sofrimento ocorre sem qualquer ligação com doença fisiológica. Alguns fatores socialmente atribuídos ao sofrimento são luto pelos que amamos, impotência, abandono, tortura (emocional, por exemplo), desemprego, traição, isolamento, falta de abrigo, perda de memória e medo . Existem, contudo, muitas outras situações, como estar apaixonado por quem nos rejeita. Sendo o sofrimento experiência subjetiva, podemos viver em sofrimento situações que não causam qualquer tipo de aflição a outras pessoas: quem sofre o meu sofrimento sou eu só e mais ninguém, lembra- -nos António Gedeão. A especificidade subjetiva do sofrimento humano verifica-se também pela possibilidade de ocorrer a partir de qualquer dimensão, ainda que quem sofra seja a pessoa no seu todo. Pessoa e sofrimento Ao afirmarmos que quem sofre é a pessoa e não um corpo (ou órgãos, ou células de corpos), não identificamos uma pessoa com sua mente. Vivemos numa época fascinada com as capacidades mentais humanas e suas funções. A ciência do micro sonha em descobrir mecanismos que desvendariam caminhos e ordens mentais que no paradigma científico atual se crê estarem na base de toda a atividade humana. Mas essa é, mais uma vez, uma concepção mecanicista moderna que nos faz esquecer que a mente (seja lá isso o que for, pois não há unanimidade sobre o assunto) funciona num cérebro que habita um corpo. Existem, obviamente (e como sempre aconteceu), cientistas que tentam demonstrar que essas crenças podem ser modificadas, mas são minoria, pois nos dias de hoje – como nos lembra Feyerabend  – ser cientista e se posicionar contra o paradigma dominante exige tanta coragem como no tempo de Galileu. Assim, alguns neurocientistas têm demonstrado que a consciência de si, necessária para a experiência do sofrimento (mas não para a da dor), emerge do funcionamento holístico do corpo humano , no qual o cérebro imerge numa rede neural contínua . O sofrimento humano produz-se nessa rede, afetando todo o ser da pessoa acometida, ainda que possa incidir com mais força numa determinada dimensão (emocional, fisiológica, espiritual, ético-moral etc.) . Cuidar de alguém em sofrimento implica se relacionar com todas as suas dimensões, e não apenas com a fisiológica, como no caso das dores nociceptivas.
(Cont...)
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Sofrimento ... à Luz da Espiritualidade


O sofrimento que a Estrela-Guia (Pai) passou nos seu derradeiros dias, levou a questionar o porque de tanto sofrimento? Entre uma série de outros questionamentos:
1- Porque Deus quis que seu filho Jesus sofresse tanto? Qual o sentido? Purificação e expiar os pecados? mas Jesus Cristo não tinha pecado e era puro, seria para mostrar ao homem que a  consequência do pecado é o sofrimento?
2-Porque muitos antes de morrerem tem um sofrimento atroz e outros simplesmente fecham os olhos e não mais acordam?
3- Porque a morte para alguns é sinal de sofrimento prévio e para outros é a sequência natural, é o Crepúsculo da Vida?
4- Porque quando termina o "prazo de Validade da Vida" não poderia ser simplesmente fechar os olhos?
Estes questionamentos automaticamente condicionaram o surfar nas ondas do Mar Internet:
"Sofrimento é qualquer experiência aversiva (não necessariamente indesejada) e sua emoção negativa correspondente. Ele é geralmente associado com dor e infelicidade, mas qualquer condição pode gerar sofrimento se ele for subjetivamente aversiva".
Na Carta Apostólica Salvifici Dolores, João Paulo II discorre sobre o sentido cristão do sofrimento humano que tem o seu fundamento, dentre outros, na Epístola aos Colossenses (1,24): Completo na minha carne — diz o Apóstolo São Paulo, ao explicar o valor salvífico do sofrimento — o que falta aos sofrimentos de Cristo pelo seu Corpo, que é a Igreja.
“ Tal é o sentido do sofrimento: Verdadeiramente sobrenatural e, ao mesmo tempo, humano; É sobrenatural, porque se radica no mistério divino da Redenção do mundo; E é também profundamente humano, porque nele o homem se aceita a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão. ”
“ No programa messiânico de Cristo, que é ao mesmo tempo o programa do reino de Deus, o sofrimento está presente no mundo para desencadear o amor, para fazer nascer obras de amor para com o próximo, para transformar toda a civilização humana na "civilização do amor". Com este amor é que o significado salvífico do sofrimento se realiza totalmente e atinge a sua dimensão definitiva. ”
“ Estas palavras sobre o amor, sobre os actos de caridade relacionados com o sofrimento humano, permitem-nos descobrir, uma vez mais, por detrás de todos os sofrimentos humanos, o próprio sofrimento redentor de Cristo. […] Cristo está presente em quem sofre, pois o seu sofrimento salvífico foi aberto de uma vez para sempre a todo o sofrimento humano. E todos os que sofrem foram chamados, de uma vez sempre, a tornarem-se participantes « dos sofrimentos de Cristo ». Assim como todos foram chamados a « completar » com o próprio sofrimento « o que falta aos sofrimentos de Cristo ». Cristo ensinou o homem a fazer bem com o sofrimento e, ao mesmo tempo, a fazer bem a quem sofre. Sob este duplo aspecto, revelou cabalmente o sentido do sofrimento.
Segundo a perspectiva católica, o sofrimento, que é uma consequência do mal e que está associado à morte e às limitações humanas, nunca foi desejado por Deus. Mas, contra a vontade divina, o sofrimento passou a ser uma realidade intrínseca ao homem, por consequência do pecado original e, posteriormente, de todos os pecados cometidos pelos homens Isso significa que o sofrimento está enredado à liberdade humana e ao conflito entre o bem e o mal no mundo. Mas, por causa do sacrifício redentor de Cristo, o sofrimento passou a ter um "sentido verdadeiramente sobrenatural e […] humano, […] porque se radica no mistério divino da redenção do mundo e […] porque nele o homem se aceita a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão." Logo, o sofrimento passou a estar presente no mundo para desencadear o amor e para permitir a conversão e a reconstrução do bem.
O sofrimento, quer voluntário (ex.: mortificação, trabalho, etc.), quer involuntário (ex.: doenças), passou a ser, sob a forma de sacrifício, uma peça fundamental na salvação da humanidade, mediante a participação pessoal e união dos sacrifícios individuais ao supremo Sofrimento de Cristo. E essa participação implica a aceitação amorosa dos sofrimentos permitidos por Deus na vida terrena. Aliás, São Paulo também afirmou que vai "completando na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja" (Col 1,24).[255][256] Além disso, Deus usa o sofrimento para provar a fé, a perseverança e a confiança do homem n'Ele, bem como para tornar o homem mais forte e mais maduro (como no caso de Jó).[125]
Linguisticamente falando: Sofrimento é um substantivo masculino com significado:
1. Acto ou efeito de sofrer.
2. Dor física.
3. Pena moral.
4. Paciência.
Alguém também  se questionou a cerca do sofrimento:
"1-Como pode um Deus que é todo amoroso e todo poderoso permitir o sofrimento na Terra?
2- Deus não pode intervir e criar um mundo onde não existe sofrimento?
3- Ele não pode tirar a dor?
Esta é uma pergunta difícil e também muito comum. A fim de compreender algumas das grandes questões que cercam este tema, temos de olhar para o plano de Deus como um todo.
Para começar, Deus fez um mundo sem sofrimento. Este foi o céu e a terra, antes da queda. Todos os anjos e tudo o que tinham sido criadas viviam em harmonia com Deus. Havia paz. Alegria. Perfeição. Ele foi exatamente como Deus quis que fosse.No entanto, Satanás, um dos anjos, escolheu ir contra isso e fazer o seu próprio caminho. Ele ficou exaltado, imaginando que ele poderia ser igual ou melhor do que Deus. Este foi o primeiro pecado, causando a separação entre Deus e Satanás. O caminho de Satanás estava fora da bênção de Deus e, portanto, o amaldiçoou. A criação de Deus foi perfeita. Adão e Eva, os primeiros povos, receberam uma vontade livre, mas eles eram puros e, portanto, teve contato direto e comunhão com Deus. Satanás estava cheio de mal e queria destruir esta harmonia. Era a sua opinião de que, dada a escolha, as pessoas preferem o pecado do que obedecer a Deus. Deus poderia ter simplesmente calado, ou até mesmo mudado de idéia à força, mas ele tem muito respeito pelo livre arbítrio, mesmo o livre arbítrio de quem opta por desobedecer. Então, ao invés de forçar Satanás voltar para a luz, Deus precisava provar que o caminho do pecado só levaria ao sofrimento.
A causa do sofrimento na terra: Quando Deus criou a terra, sua intenção era de que seria uma extensão da paz e da harmonia dos céus. No entanto, Satanás foi permitido o acesso à terra, e ele tentou Eva no Jardim do Éden. Quando Satanás ofereceu a Eva uma escolha de seguir o caminho de Deus ou o caminho do pecado, Deus tinha esperança que ela iria escolher seu caminho. Tudo o que Deus queria era que as pessoas sejam felizes e Ele sabia que a única maneira para eles serem obedientes. Infelizmente, ela escolheu a acreditar caminho de Satanás – o caminho da maldição, e ela convenceu Adão a fazer o mesmo. Por causa do Seu imenso respeito por livre arbítrio, Deus teve de recuar e deixar Adão e Eva colher as conseqüências de suas ações.Todo o sofrimento, toda a dor, e cada lágrima que foi derramado sobre a terra ou é um resultado direto ou indireto do pecado. Mesmo desastres naturais acontecem porque o mundo foi amaldiçoado. (Ver Romanos 8: 20-21) O pecado contaminou tudo. E tornou-se cada vez pior com o passar do tempo. Quando uma pessoa pecou, ele colheu sofrimento, aqueles ao redor dele sofreram, a terra em si sofreu. A natureza do próprio mundo tornou-se contaminados com espinhos e abrolhos. Isso não foi um Deus vingativo lançando ao mar sobre as punições. Este foi um resultado natural das leis que Deus tinha feito muito antes mesmo de ter criado a terra. Ele sabia que pecar trazia sofrimento. É por isso que Ele tenta tão difícilmente nos cuidar a não fazê-lo.
Por que Deus não faz nada para parar o sofrimento? Deus poderia intervir em qualquer ponto e parar o sofrimento. Ele conseguiria segurar a sua mão e nos salvar da dor. Ele é todo poderoso, afinal. Mas se ele fizesse isso, ele nunca seria capaz de provar, sem sombra de dúvida, que Satanás estava errado. Pecado causa o sofrimento. Deus sabe disso. Agora, ele quer provar isso para toda a criação
Ele entristece Deus para assistir a Sua criação sofrer. Ele está ansioso para que isso acabe; Ele está doendo para estender a mão e ajuda-nos. Objetivo final de Deus é parar todo o sofrimento para a eternidade. Ele quer que toda a criação permaneçam juntos em perfeita harmonia como era no início. Mas desta vez ele precisa ter certeza de que ninguém pode trazer o pecado para a nova criação. É por isso que Ele precisa ser capaz de mostrar, sem qualquer sombra de dúvida, que é o pecado sozinho que leva à miséria e sofrimento. E, a fim de obter prova de que Deus tem que jogar pelas regras que Ele mesmo estabeleceu.
O propósito de Deus para com sua criação A intenção de Deus connosco não é só provar que pecado traz sofrimento. Ainda mais importante é provar que a vida sem pecado traz alegria e paz e harmonia.“… Esta graça me foi dada: a pregar aos gentios as insondáveis riquezas de Cristo, e para tornar claro para todos a administração deste mistério, que desde os séculos passado foi mantido oculto em Deus, que criou todas as coisas. Sua intenção era que agora, mediante a igreja, a multiforme sabedoria de Deus se tornasse conhecida dos poderes e autoridades nas regiões celestiais, de acordo com o seu eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor “. Efésios 3: 8-11 .
Este é o resumo do plano de Deus com a humanidade, o golpe final para erradicar contra Satanás. Enviando o seu próprio Filho Jesus à terra como um homem, Ele foi capaz de provar de uma vez por todas que era possível vencer Satanás e sua malandragem. Como ser humano, Jesus foi tentado de todas as maneiras como nós somos, mas em todas as circunstâncias escolheu para fazer a vontade de Deus, em vez de Sua própria, por isso Ele nunca cometeu pecado. (Hebreus 4:15, Hebreus 5: 7-9) “! Está consumado” Quando Jesus foi crucificado e gritou, a vitória foi total. Satanás nunca tinha sido capaz de assumir o controle do espírito de Jesus, que poderia voltar para Deus perfeito e cheio de natureza divina.Mas não parou por aí. Jesus fez isso para que pudesse mostrar o caminho para os outros. Agora Deus está formando uma noiva para Jesus Cristo, que irá mostrar, através de uma vida pura e santa como Ele fez, que a vitória sobre o pecado traz a verdadeira, alegria e paz eternas. Esta é a igreja, por quem multiforme sabedoria de Deus será revelado a toda a criação. E esta alegria não é simplesmente uma recompensa de chegarmos na eternidade. Começa agora. Assim, mesmo que Deus deixa a terra colhem os frutos do pecado, Ele realmente está, muito mais interessado em deixar aqueles que optam por servir a Ele colher os benefícios disso.
Sofrendo na carne Todo mundo sofre. E o sofrimento que uma pessoa passa na terra não é necessariamente proporcional à quantidade de pecados que cometeram. No entanto, os discípulos de Jesus Cristo, servos de Deus, sabem usar este sofrimento para sua vantagem.Em 1 Pedro 4: 1 diz: “Portanto, uma vez que Cristo sofreu por nós na carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento, pois aquele que sofreu na carne já cessou do pecado.” O sofrimento físico em si, obviamente, não faz pôr fim ao pecado. Pelo contrário, quando as pessoas experimentam dor, perda e tragédia, o pecado dentro de si manifesta e eles são tentados a se sentir irritado, amargo, desanimado. Mas um discípulo faz o que seu Mestre, Jesus fez: ele leva esses pensamentos, nega-lhes, e coloca-los à morte. E um pouco de pecado morre. Isso é chamado de “sofrimento na carne”, porque negar a carne para realizar seus desejos é o mesmo que negar a sua auto vontade, e isso é doloroso. Isto é o que Jesus fez quando Ele estava na terra, e é a vontade de Deus para nós. No entanto, o resultado é que o pecado é vencido, e é substituído por virtude. Quando as pessoas o escolhem conscientemente para sofrer na carne, em vez de pecar e sofrer as conseqüências, então Deus finalmente é capaz de dizer Satanás “Veja, seu caminho não funciona. Pecado só conduz ao sofrimento, mas algumas pessoas estão escolhendo meu caminho. Eles estão escolhendo não pecar. Provou-se uma e outra vez, você não tem terra para ficar! ”E, em seguida, haverá um ajuste de contas.
Eternidade Você pode imaginar a ira de Deus sobre Satanás, então, quando Ele mesmo volta após todos esses milhares de anos, o tempo de julgamento está finalmente em mãos. Depois que Satanás forçou a mão de Deus, Ele teve que assistir a Sua criação sofrer ano após ano, século após século. Esperando com paciência para que as pessoas se voltam para Ele e sejam obedientes à Sua vontade, para que Ele pudesse erradicar o pecado, a longo prazo. Mas, finalmente, o momento para a paz chegou. Depois de tudo dito e feito, Satanás será lançado no mar de fogo e todo o sofrimento, toda a dor, toda a miséria terá desaparecido para sempre. Se formos obedientes à vontade de Deus, em vez de nossa própria vontade que está manchada pelo pecado, estamos do lado de Deus e prestativo na realização de Seu plano. O mais que escolhemos para viver em obediência a Deus aqui na terra, mais rápido o dia do julgamento virá. Quanto mais as pessoas optam por sofrer na carne (condenado à morte o seu pecado) e não obedecer as luxúrias e desejos pecaminosos em si mesmos, mais cedo Jesus vai voltar e colocar um fim a todo o sofrimento.
O que posso fazer? É difícil sentar e assistir o sofrimento propagando por todo o mundo e não saber o que você pode fazer. Mas aqueles que são fiéis a Deus tem o poder e a responsabilidade de aliviar o sofrimento e tornar o mundo um lugar um pouco melhor onde eles estão. Nós podemos ser uma bênção para aqueles que nos rodeiam por negar o pecado que tão de perto nos tenta, e que provoca discórdia e infelicidade. Quando estamos inclinados a responder de volta com palavras duras, podemos colocar o pecado à morte e responder suavemente e gentilmente. Quando somos tentados ao egoísmo, podemos praticar a generosidade. Quando vemos a injustiça e a crueldade, podemos ser campeões na justiça e compaixão. Nós também podemos orar. “A oração eficaz fervorosa de um justo pode muito.” Tiago 5:16. A oração é uma tremenda arma contra as trevas deste mundo. Se temos certeza de que estamos a viver em justiça, em seguida, nossas orações têm o poder de ajudar. Podemos orar pela cura, orar por misericórdia, orar para os pobres, para os necessitados, orar por líderes mundiais e governos, rogai por luz, vida e misericórdia para vir ao mundo, tanto quanto possível. Deus ouve essas orações. E quanto mais vivemos em justiça, quanto mais condenados à morte o nosso pecado, quanto mais lutamos contra a escuridão, então mais rápido o dia do julgamento virá, quando todo o pecado e sofrimento estará acabado para sempre. “Havendo pois de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém sem em santo trato, e piedade. Aguardando, e apressando-vos para o dia da vinda de Deus” 2 Pedro 3: 11-12. Esse dia está chegando em breve, o dia em que Jesus vai voltar, pronto para buscar Sua noiva, limpo e impecável, tendo escolhido o caminho de Deus por tudo isso. E então vem o grande final. Satanás será amarrado e jogado no lago de fogo para sempre. (Apocalipse 20:10) Nunca mais ele vai ser capaz de seduzir as pessoas a seguir o seu caminho e causar miséria e sofrimento. Então, Deus vai finalmente ser capaz de criar um novo céu e uma nova terra em perfeita paz e alegria e harmonia para toda a eternidade. Nenhum grito, nenhuma lágrima, nem tristeza. Nenhuma tentação, nenhum pecado, nenhuma discórdia, conflito, ou desobediência. Vamos viver juntos com Deus e Jesus e os santos. Nem um pingo de sofrimento nunca vai existir no universo novamente. Finalmente, e para sempre, tudo ficará bem."
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina_da_Igreja_Cat%C3%B3lica#Sofrimentoso·fri·men·to
"sofrimento", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sofrimento [consultado em 19-11-2018].
https://cristianismoativo.org/por-que-deus-permite-o-sofrimento
 

domingo, 18 de novembro de 2018

Crepúsculo da Vida da Estrela-Guia...Oração pelo Pai Falecido

O Crepúsculo da Vida da  "Estrela-Guia" (Pai) chegou no dia 12/11/2018 após 2 meses de um sofrimento atroz,  neste momento a dor  da perda, da saudade, do remorso por não ter desfrutado mais da sua companhia e sabedoria ou lhe ter feito mais companhia (embora por circunstâncias da vida) e pela culpa de ter permitido e contribuído para tamanho sofrimento (ainda que de forma involuntária, por não ter capacidade para mais e por ter confiado na competência e capacidade do médico especialista que o seguiu, que neste caso, pela evolução da situação, não existiu), agora que as lágrimas estão forçadamente em pausa, só permite fazer uma oração (adaptação da oração feita pelo Padre Marcelo Rossi):



Oração de Intercessão com São José pelo pai falecido

Pai Santo, Deus Eterno e Todo-Poderoso, neste Momento de Fé, no Colo de Jesus, por intercessão de São José, eu Vos peço pela minha "Estrela Guia" ( Pai), que chamastes deste mundo no dia 12/11/2018.
Dai-lhe a felicidade, a luz e a paz e permita que ele encontre sua esposa (a outra Estrela Guia- Mãe) que partiu primeiro, há 11 anos e 6 meses atrás)
Que ele, tendo passado pela morte, participe do convívio de Vossos santos na luz eterna, como prometestes a Abraão e à sua descendência.
Que sua alma nada sofra, e Vos digneis ressuscitá-lo com os Vossos santos no dia da ressurreição e da recompensa.
Perdoai-lhe os pecados para que alcance junto a Vós a vida imortal no reino eterno.
Dai-lhe, Senhor, o repouso eterno e brilhe para ele a Vossa luz!
Por Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. amém!
São José, rogai junto a teu amado Filho, Jesus, pelo meu querido e amado pai falecido.
(Rezar: Pai-Nosso e Ave-Maria)
http://www.devocaoefeblog.com.br/2013/08/oracao-de-intercessao-com-sao-jose-pelo.html

Crise da Meia-Idade...Um Balanço da Existência


(Escrito em Agôsto de 2018, Imagem criada dia 18/11/2018)
Crise da meia-idade, será que existe! Será que existe crise da adolescência? Há alguns anos atrás comentavam sobre essas duas crises: “Quem não tem crise na adolescência terá a crise da meia-idade de forma intensa” será uma afirmação verdadeira? É possível, já que ao longo da infância o ser humano atravessa várias crises, umas relativas ao salto do desenvolvimento. A crise da adolescência, se existiu passou ao lado, a crise da meia-idade virá e como será:
*Tomada de consciência da finitude da vida?
* Revisão dos valores que nortearam a vida até então? 
*Perceber que nada faz sentido na vida?
*Queda do “véu da ilusão” que impediram de ver a realidade os anos em que antecederam ao momento? 
* Momento em que a pessoa faz uma pausa para fazer um balanço da sua existência do que fez e do que ainda falta fazer para reprogramar a sua vida? Supostamente nessa altura a pessoa já terá atingido um patamar de estabilidade: familiar-constituiu família, os filhos já constituíram família, os netos surgem; financeiro/económico-social o topo de uma carreira profissional, mas e se não corresponder.
* Não alcançar do platô de estabilidade. 
*Tomar consciência de que o inevitável se aproxima: partida das suas Estrelas-Guias e da sua própria partida pela chegada do Crepúsculo da Vida? 
*Tomada de consciência de ter vivido os anos como se estivesse dormindo e só agora despertasse desse sono, estranhando a realidade encontrada, totalmente diferente do sono em que vivera até então, como se hibernasse estagnada, enquanto o mundo a sua volta evoluía e ao despertar, tomasse consciência dessa sua estagnação? 
*Tomada de consciência de que passou o tempo tentando alcançar uma meta sem pensar em mais nada apenas de superar, contornar, retirar, vencer os obstáculos que impediam o atingimento da meta, mas ao atingir a meta surge um vazio existencial?
*Tomada de consciência de ter se afastado de si mesmo ao longo da vida e não saber mais quem é, não se reconhecer, físico-intelectual e profissionalmente, na pessoa que se transformou?
Segundo as "gotas" encontrada no “Mar Internet”:Todo mundo pelo menos uma vez na vida irá passar por um momento confuso, mais conhecido como crise existencial. Particularmente considero este, dentre os fatores mais complicados e que mais contribuem para a piora de pessoas que sofrem de Depressão, Transtorno de Personalidade Boderline (TPB) e outros transtornos mentais. Simplesmente porque entramos em conflito com a nossa própria existência. Não há momento pior do que aquele em que passamos a questionar tudo à nossa volta, sem ao menos ter uma resposta sequer: Por que nasci? Por que sofro tanto? Por que não sou como os outros? Por que tenho essa doença? Onde foi que eu errei para merecer isso? Qual o sentido da vida? Qual o meu propósito aqui na terra? Será que eu faço diferença na vida das pessoas? Será que sentiriam falta de mim se eu morresse? Eu não sei viver, para que estou aqui? A vida é muito difícil, para que sofrer se podemos escolher fugir de tudo isso? Simplesmente é quase impossível encontrar algo em que realmente se encaixe nessa fase. Ficar se questionando, se cobrando demais, se comparando, pode afetar negativamente a autoestima, a forma de agir com os outros, a maneira de levar a vida e muitos outros fatores. “Tudo em excesso faz mal”, e realmente faz. Ficar sentado se questionando e pensando sem parar acaba gerando uma pressão sobre a nossa própria consciência. Os pensamentos se acumulam e uma hora explodem dentro da cabeça. No caso dos indivíduos com Depressão, o pensamento é o fator chave que pode ou não levar ao suicídio. Eles pensam tanto sobre a vida, que uma hora ficam saturados e decidem que não vale a pena. Está aí a importância de evitar manter-se isolado (para não pensar), de desabafar (para não sobrecarregar a mente com emoções negativas) e assim por diante.

Administração da crise existencial, na adolescência, mas também nas outras crises:

Necessidade de diálogo. O isolamento é prejudicial para qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Em Provérbios 18.1 está escrito que “quem não gosta de estar na companhia dos outros só está interessado em si mesmo e rejeita todos os bons conselhos”. Isolar-se dos demais é reprimir as emoções numa tentativa fútil de se esconder da realidade sem ter para onde ir. Portanto, se abrir e conversar com alguém de confiança é sempre o melhor caminho.

Foco na solução, e não no problema. É comum as pessoas procurarem sempre achar um culpado para os seus problemas. Identificar o problema a fim de encontrar as possíveis causas é só o começo para chegar-se a resolução. É preciso ter foco na solução! Traçar um plano e verificar o que pode ser feito para resolver a situação é uma iniciativa otimista.
Confiança em Deus. Buscar encontrar no Senhor o apoio espiritual e, porque não dizer, emocional nestes momentos é fundamental. Basta olhar para a vida do rei Davi que em muitos dos salmos que escreveu, expressou com tristeza tudo o que se passava em seu coração e o Senhor lhe respondia (cf. Sl 13; 39).
A constância. E, por fim, a constância é fundamental em qualquer aspecto da vida. Não é difícil encontrar pessoas talentosas que deixam os olhos de qualquer um maravilhado pela forma como se destaca. Todavia, a inconstância faz com que todo esse potencial seja desperdiçado. Tiago afirma que aquele que duvida é como as ondas do mar que o vento leva de um lado para o outro (Tg 1.6-8).
Aprender a lidar com as crises existenciais a partir da compreensão das possíveis causas que levam adolescentes a assumir comportamentos reprováveis é um importante passo a caminho da recuperação. Deus, em seu eterno amor e sabedoria, disponibiliza mecanismos que podem auxiliar o adolescente a enfrentar qualquer crise, seja ela qual for a sua origem ou proporção. Dentre eles está a comunicação, uma ferramenta poderosa que ao ser direcionada a Deus se faz em “oração”. E aos que têm um coração quebrantado a promessa dá certeza: “Um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (cf. Sl 51.17). Administrar a crise pode parecer difícil para aqueles que não estão acostumados a navegar em águas rumorosas, mas adotando as medidas adequadas e confiante no cuidado de Deus é possível obter a direção correta para chegar ao porto seguro.

Na busca das respostas surge a Antroposofia que compreende que o ser humano tem que conhecer a si para também conhecer o Universo, pois somos todos parte e participantes desse mundo. Conforme Steiner a Antroposofia é “um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo”. Dentro desse pensamento filosófico encontra-se uma forma cíclica de ver a vida chamada “teoria dos setênios”. Tal teoria foi elaborada a partir da observação dos ritmos da natureza, da natureza no sentido da vida, na qual todos nós estamos imersos. Ela divide a vida em fases de sete anos, vale lembrar que o número sete é um número místico dotado de muito poder em quase todas as culturas conhecidas (Deus criou o mundo em sete dias. São sete dias na semana, sete planetas relacionados ao homem (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno) e sete metais (ouro, prata, mercúrio, cobre, ferro, estanho e chumbo). Os gregos e a tradicional medicina chinesa observavam e estudavam as alterações espirituais e biológicas no ser humano. A teoria revela as complexidades de cada etapa e como o corpo humano influencia as emoções e atitudes. teoria dos setênios ajuda a compreender a condição cíclica da vida, em que a cada ciclo soma-se os conhecimentos adquiridos no anterior e busca-se um novo desafio. Os setênios não são exatamente sete anos no tempo cronológico, mas a cada ciclo de X anos, de tempos em tempos.

* “Setênios do corpo” - Os três primeiros ciclos compreendem a fase de 0 a 21 anos- É o ciclo do amadurecimento físico, do corpo, e também da formação personalidade.
* “Setênios da alma” Os três ciclos seguintes que vão de 21 a 42 anos. É a fase em que, superadas as experiências básicas da vida, nos inserimos na sociedade fazendo as escolhas como casar ou não, trabalhar em uma área específica, conviver mais ou menos com a família. E, apenas a partir dos 42 anos, vivenciando os últimos setênios, estamos realmente prontos para imergirmos na vida com maturidade, profundidade e espiritualidade.
0 a 7 anos – O ninho. Interação entre o individual (adormecido) e o hereditário
A primeira infância é uma fase de individuação, de construção do nosso corpo, já separado do da nossa mãe, da nossa mente e da nossa personalidade. Nesse ciclo nossos órgãos físicos estão sendo formados para que sejamos indivíduos únicos. O crescimento está ligado à nossa cabeça, ao ponto mais alto, o superior, o pensar.
7 a 14 anos – Sentido de si, autoridade do outro
O segundo setênio promove um profundo despertar do sentimento próprio. A energia que emanava do polo superior, da cabeça, se dilui e se encontra no meio do corpo. Os órgãos desse setênio são o coração e os pulmões, esses se desenvolvem promovendo a interiorização e exteriorização da vivência.
14 a 21 anos – puberdade/adolescência – crise de identidade O que todo adolescente busca? … liberdade!
Eles não querem os pais, irmãos mais velhos nem professores “pegando no pé”. O que rege esse ciclo é o sentido de liberdade. No sentido corporal, as forças que se acumulavam nos órgãos centrais se espalham e chegam aos membros e no sistema metabólico.
A postura ereta é uma diferenciação dessa fase para as outras. O corpo já está formado, já aconteceram as primeiras trocas com a sociedade, o corpo já não precisa de tanto espaço para se locomover, o espaço agora adquire outro sentido, o da possibilidade de “ser”.  O espaço dessa criança é o mundo, já não pode se resumir a família nem a Escola. Ele precisa se reconhecer e ser reconhecido, aceito, achar a “sua turma” para compor um grupo no qual se identifique. A liberdade nesse ciclo atua como a vivência do “bom” no primeiro ciclo e do “belo” no segundo ciclo. Ocorre que a liberdade só se dá num ambiente de tensão entre as possibilidades, impossibilidades e desejos. Essa tensão costuma gerar rompimentos, as vezes esses rompimentos são violentos, mas são necessários e próprios desse ciclo.Essa liberdade também tem um sentido de exposição. Tudo está voltado para o externo, para fora, para o mundo. Há uma dificuldade em ouvir o outro e entender suas posições, tudo deve seguir o seu sentimento de mudança, de julgamento de certo e errado, de bom e ruim. É tanta energia interna para ser extravasada que o sujeito pode perder o controle de si mesmo e precisar de intervenção – salvo se os ciclos anteriores tiverem cumprido bem os seus papéis. As trocas nesse ciclo são importantíssimas. O diálogo, a abertura ao novo, a prática da compreensão, da solidariedade, assim como o seu reconhecimento e o pertencimento. É o momento de questionar a tudo e a todos. O caminho contrário do “habitual” pode ser exclusivamente para reforçar a tensão. As drogas podem estar nesse contexto. É importante que saibamos que é uma fase extremamente difícil, onde o adolescente precisa negar e se opor, para que, a partir da percepção do que não é, encontrar-se a si mesmo.Também é o momento do discernimento, das escolhas profissionais, do vestibular, do primeiro emprego, pois a liberdade também só faz sentido quando percebemos a vida econômica. O dinheiro então pode ganhar um sentido de poder que talvez não seja saudável. É a partir desta idade que começamos a ter um pensamento mais autônomo, ainda que, nesta época, acreditemos estar amadurecidos para efetuar julgamentos.
21 a 28 anos – O “Eu” – a independência e a crise do talento. A partir dos 21 anos nossa individualidade, nosso self, toma uma força considerável na tentativa de estabilização. O “Eu” começa realmente a se mostrar, mesmo ainda estando em formação. No entanto, para que esse “Eu” apareça e se forme, mesmo sendo algo subjetivo e interno, ele depende do mundo exterior, da sociedade. O fim do crescimento corporal instaura o início de um processo de crescimento mental e espiritual, somos então “cidadãos de dois mundos: o celeste e o terrestre”. Geralmente já não moramos mais com a família e já não estamos mais na escola. É o momento da autoeducação, do emprego, do desenvolvimento dos talentos, etc.
28 a 35 anos – fase organizacional e crises existenciais Quem nunca ouviu falar na “crise dos 30”? ela não é um mero mito, ela existe e tem explicação. O 5º setênio começa com essas crises na vida, o abalo da nossa identidade, a cobrança do sucesso que talvez ainda não tenha atingido, a certeza de não podermos tudo, de onde vem a frustração e tristeza. As sensações de angústia e vazio são muito comuns. Em algumas sociedades as pessoas nesse ciclo não encontram um lugar para si e se veem entre a juventude e a velhice ou maturidade. As pessoas passam a não se conhecerem, pois, seus gostos mudam – ou por si mesmos ou pela pressão dos outros. Sentimo-nos impotentes nesta passagem da juventude para a maturidade, de um viver mais impulsivo para um viver mais sério, responsável, voltados para a família e para o trabalho.
Nesse ciclo os sentimentos nos levam também a uma busca espiritual maior, um “caminho da alma”. Estamos suscetíveis ao cosmos, às oscilações e às vezes a harmonia custa a acontecer. Somos cobrados por estrutura, firmeza, estabilidade, uma base, um pilar, que seja material e que também sejam mental e espiritual. A Antroposofia acredita que logo após o 31 ½ ano, que corresponde à metade do 63º. ano de vida, estamos no final das atuações planetárias e zodiacais. Depois dessa idade, ficamos mais livres.
35 a 42 anos – crise de autenticidade. Esse setênio, embora tenha suas peculiaridades, está ainda ligado ao setênio anterior, ruminando os resultados das crises. Reconhecemos também uma espécie de crise nesse setênio, mas uma crise que busca uma autenticidade, gerada pelas reflexões do ciclo anterior. O desafio, então, é encontrar valores espirituais e nos reconhecermos como seres únicos. A pergunta é: como é que encontro o caminho para a essência do mundo e para a minha própria essência? Esse setênio configura a última fase do desenvolvimento da alma propriamente dita, estamos propensos a adentrar mais profundamente no nosso mundo espiritual, na parte mais sensível de nós. Buscamos a essência de tudo, no outro e em nós. Isso passa a acontecer com mais força nesse setênio pois, aqui, já há maturidade e aprendizado suficiente para esse conhecimento.A carreira, a família (ou não) os desejos, tudo já teve seu tempo. Já alcançamos as conquistas que nos eram urgentes. Há um desaceleramento do ritmo do nosso corpo e da nossa mente, o que é algo importante para alcançarmos frequências mais sutis de pensamento, onde estará nosso corpo suprassensível.
42 a 49 anos – altruísmo x querer manter a fase expansivaÉ um ciclo que tem um “ar” de recomeço, de ressurreição, de alívio, até. A crise dos trinta perde a força e parece não ter tido resultados tão graves como se pensava. É, porém, o momento de buscar, desesperadamente, por algo novo, para que a vida adquira sentido. As mudanças nesse setênio são urgentes. Mesmo que nem todos estejam preparados para elas. As questões existenciais retornam com uma certa força, mas agora elas mais dinâmicas e menos melancólicas pois o sujeito já se vê capaz de produzir essas mudanças. O lema é “como está, não da pra ficar”.O medo do envelhecimento surge. As questões internas despertadas pelos ciclos anteriores perdem um pouco de espaço para a estética e a necessidade de se fazer coisas que os jovens fazem. As rugas e a menopausa são os espinhos das mulheres nesse setênio.  A sexualidade retoma uma importância crucial. Contudo, a força que se perde com o declínio da sexualidade pode e deve ser empregada em outros nichos.Esse setênio traz o contraditório: queremos mudanças, estamos em busca do novo, mas o envelhecimento que é uma mudança natural nos assusta, incomoda, gera ansiedade, muda nosso comportamento com relação a nós mesmos e ao mundo. Assim, sucumbimos à força do “sósia”, ou seja, da sombra, daquilo que está diretamente ligado aos aspectos pessoais não resolvidos, não integrados.
49 a 56 anos – ouvir o mundo Podemos reconhecer essa fase como sendo do “pai e da mãe universal”. É a fase de desenvolvimento do espírito. É um setênio tranquilo e positivo. As forças energéticas voltam a estar concentradas na região central do corpo, mas estão voltadas ao sentimento da ética, da moral, do bem-estar, questões universais, humanísticas. É um momento em que estamos mais conscientes do mundo e de nós mesmos. É um bom momento para reconhecer os méritos da nossa história, aceitando-a sem julgamentos. Esse ciclo desperta em nós o existencialismo para observarmos mais de perto o valor simbólico das coisas. Deixamos o pessoal, particular em busca do universal, do humanístico, do existencial. Em termos físicos, esta fase espelha fisiologicamente o setênio 7 a 14 anos, o elemento do ritmo tem de ser priorizado, especialmente na condução de uma rotina. A vida nos ensina nesta época uma nova audição, temos a possibilidade de ouvir a voz do coração para esta renovação ético / moral que agora é propícia.
56 a 63 anos – (e adiante) abnegação/sabedoria. A Antroposofia acredita que o 56º ano de vida traz uma brusca mudança. Ela está na forma como a pessoas se relaciona consigo e com o mundo. Como os ciclos se correspondem, esse se liga ao primeiro setênio, aquele que vai do nascimento até os sete anos de vida. A audição, a visão, o paladar das pessoas dessa fase se igualam e o mundo fica estranho. Contudo, essa fase, por exemplo, evidencia uma volta para dentro de si. O interno passa a fazer muito mais sentido que o externo. É importante interiorizar, desenvolver os sentidos espirituais. A comunicação com o mundo externo passa a ter ruídos, principalmente pelas mudanças que a sociedade sofreu nesse período inteiro. A reclusão passa a ser algo natural, boa para a auto reflexão e a busca pela essência. A sabedoria pelo conhecimento acumulado e a intuição que passa a ser mais clara, tornam-se elementos fundamentais dessas pessoas. Elas são o contraponto do sentimento de fracasso e insucesso que, porventura, possa aparecer, vindo dos questionamentos daquilo que se alcançou ou deixou de alcançar.Certos cuidados se fazem muito importante, como a estimulação da memória, mudanças de hábitos, recursos criativos. Isso porque a aposentadoria pode ser algo limitador, especialmente para aqueles que durante toda a vida atribuíram muita importância ao status profissional e agora temem não ter outra forma de auto realização. Atividades muito bem-vindas nesse setênio são as acadêmicas – lecionando ou fazendo novos cursos – escrever textos ou um livro, o laser em grupos de pessoas na mesma fase da vida, viagens e outras formas que relacionem prazer e aprendizado. A aproximação da família ou a construção de novas famílias também ajudam a dar novo sentido à vida.
Hoje talvez essa divisão seja um pouco diferente e, com certeza, faz sentido pensar em mais um ou dois ciclos de sete anos, visto que estamos vivendo cada dia mais, outra divisão cíclica, os Nonênios, que representam três setênios. Nos nonênios, ocorrem as mudanças mais significativas do indivíduo. Estes são considerados mais eficazes para o conhecimento e entendimento das fases do ser humano.
0 a 9 anos: Período do crescimento Estruturação do corpo físico. Fase de adaptação da estrutura física – entendimento que este é o mecanismo para concretização do seu destino.
18 aos 27 anos: Período de luta O trabalho, a vida afetiva e os amigos levam o indivíduo a explorar o mundo externo e interno.
27 aos 36 anos: Busca pela estabilidade Aspectos físicos, psicológicos e espirituais possuem forte ligação com a escolha da profissão, vida afetiva e social. Neste nonênio, a pessoa planeja sua vida e trabalha bem mais que nas demais fases.
36 aos 45 anos: Período de rupturas Fase onde tudo é para ontem. As máscaras precisam dar lugar a busca pelo autoconhecimento.
45 aos 54 anos: Metamorfoses As rupturas do período anterior dão espaço para a reestruturação da jornada pessoal. A ternura é um sentimento que ganha muita força.
54 aos 63 anos: Aprendendo a sabedoria Neste nonênio, a pessoa aprende a celebrar cada momento, a comemorar as várias superações e a evolução pessoal.
63 aos 72 anos: Exercício de liberdade Viver sem as cobranças do cotidiano e das pessoas. Período para fazer algo novo e com liberdade.
72 a 81 anos: Experiência diária com o assombro Compreensão que as explicações reduzem a realidade. O sentimento de percepção é maior que tudo. O ser humano tem espanto e assombro pela vida.
81 a 90 anos: Experiência da inocência Nesta fase, o indivíduo está vacinado para a esperteza e maldades da vida. Entretanto, consegue manter acima de tudo isso e cultivar o amor.
Os setênios e os nonênios são nascimentos. Os primeiros trazem relação com o funcionamento do corpo humano e questões psicológicas. O segundo ciclo diz mais respeito ao posicionamento do “Eu” em relação a si próprio e suas experiências sociais. Ambos têm em comum as complexidades sobre o ser humano até a velhice, período comumente esquecido. A idade é um fator inevitável na vida. O tempo faz parte da existência. Ninguém sabe quanto tempo vai viver, no entanto, cria-se uma expectativa baseada na média da esperança de vida. Desta maneira, em muitos países desenvolvidos, esta crise da meia-idade acontece em torno dos 40 anos. Um período na qual o protagonista tem um passado marcado por expectativas e um futuro que observa com um realismo maior. Diante desta perspectiva, a pessoa se sente confusa por estar parada em determinado ponto de sua vida, seja no plano pessoal ou profissional. O que ela deseja é uma mudança, quer uma melhoria de sua situação. E por falar em "sete":
Sete sintomas da crise da meia-idade
1. Expectativas não cumpridas. A pessoa sente tristeza diante do peso dos objetivos perdidos na juventude, que ficaram na memória e que nunca se materializaram na realidade.
2. Vertigem com o passar do tempo. A pessoa se sente jovem, no entanto, está consciente que não tem mais 20 anos de idade. Vive perguntando como os anos passaram tão rápido.
3. Sentimentos contraditórios. Por exemplo, o protagonista deseja uma mudança pessoal, mas ao mesmo tempo se sente apegado ao conhecido e isso gera insegurança. Entretanto, a insatisfação é frequente em seu estado de espírito.
4. Mudanças físicas e psicológicas. A pessoa se vê diante do espelho com um novo olhar.
5. Perguntas sobre o passado. A pessoa ativa sua memória do passado e faz hipóteses do que aconteceria se tivesse tomado decisões diferentes. Por exemplo, ela se pergunta sobre o que teria acontecido em sua vida se tivesse continuado com certo amor da juventude. Algo que nos faz lembrar o filme "La La Land: Cantando Estações".
6. Desorientação. A pessoa pode experimentar uma luta constante entre a mente e o coração. Este debate interno surge na tomada de decisões presentes.
7. Medo da perda da juventude. Vivemos em uma sociedade na qual a juventude é o máximo da felicidade. A crise da meia-idade é definida também por este ímpeto de fechar absolutamente a porta da juventude no sentido estrito.
Se algum dia passar por uma situação deste tipo, assuma naturalmente essas ideias que passam por sua mente. Observe o lado positivo desse momento pessoal que o ajuda a ter um nível mais elevado de introspecção. Você está em um momento de busca pessoal e a crise o leva a um nível de auto conhecimento necessário para analisar sua situação atual e identificar onde gostaria de estar realmente. Pare e desenvolva um plano de ação para conseguir sua melhor versão.
https://conceitos.com/crise-meia-idade/
https://www.jrmcoaching.com.br/blog/a-teoria-dos-setenios-os-ciclos-da-vida
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